Crônica - Mohammad Siad Barre e a luz na história do último marxista da Somália - Manoel Messias Pereira
Mohammad Siad Barré e a luz na história do último marxista da Somália.
O dia 21 de outubro traz-nos a lembrança do ano de 1969, quando os militares do Conselho Revolucionário Supremo, que era comandado por Siad Barre, de formação ligeiramente marxista-leninista, que invadiram Mongadíscio e proporcionou um golpe sem sangue nos prédios públicos, a rádio e depuseram o Sheike Mukhhata Mohammed que havia ocupado o poder anterior após a morte de Abdiranshid Ali, que acabou sendo assassinado por seu guarda-costa. E desta forma Somali teve o seu governo marxista até 1991.
Precisamos lembrar que a Rebelião Somali, quando no dia 23 de maio de 1986, teve inicio com muma guerra civil num conflito que envolveu a repressão dos clãs e a Guerra de Ogaden e toda a oposição a Siad Barre, e de 1986 até 1991, tendo Siad Barre sair do Pais. E o que vimos foi a Somali transformar num país instável com combates entre senhores da guerra milícias e grupo extremistas islâmicos o Al Shabaab.
A figura do General Muhammad Siad Barré, que nasceu em Shilavo-Ogaden em 6 de outubro de 1919 e faleceu em 2 de janeiro de 1995 em Lagos na Nigéria que se estivesse vivo estaria completando os seus 106 anos de vida. E esse ano completou trinta anos em janeiro de sua morte. E foi o terceiro governante da Somália entre 21 de outubro de 1969 a 26 de janeiro de 1991.
O que sempre chamou a atenção essa questão dos meses na sua vida, tanto num mês de outubro que é do seu aniversário, quanto o mês que ele iniciou a sua ação governativa na Somália. Assim como o mês de janeiro no dia 26, quando em 1991 ele termina o seu mandato de forma brusca. Assim como a sua morte num outro janeiro no dia 2 de 1995.
Porém quando recordo isto, penso logo ele não conseguiu controlar os senhores da guerra naquele país, ele não conseguiu acabar com o clãnismo. Ele tentou e chegou ao poder naquele país por meio de um golpe e com apoio da China. E ele tentou utilizar o marxismo leninismo, para ter o povo ao seu lado, mas o clãnismo tinha o capitalismo e os senhores da guerra envolvendo todos os aparatos europeus e estadunidense de dominação.
E aquele país, considerada a democracia rural no Ocidente em África, no entanto com o clãnismo as lealdades familiares estendidas e os outros conflitos importados digas -se de passagens com olhares ideológicos de neo colonizadores e que os governos civis não conseguiram erradicar, finalmente sucumbiram a si mesmo.
Eu recordo que dois anos antes de Siad Barré falecer, portanto em março de 1993 ele que faleceu em 1995. Li uma matéria jornalística e histórica assinada por Rakya Omaar e Alex de Wall. Ela que foi uma advogada somaliana que em 2 de dezembro de 1992, foi afastada do cargo de diretora da Organização de Direitos Humanos daÁfrica Watch, por ser contra a presença de tropas norte americana na Somália. E o Alex de Waal renunciou ao cargo de diretor adjunto da África Waltch, em protesto pela iniciativa militar dos Estado Unidos da América.
E a matéria que eles escreveram e que foi publicada no Brasil na extinta Revista Caderno do Terceiro Mundo, era intitulada "Sem Esperança", pois para os somalianos comprometidos com a paz a reconciliação em seu país, a operação militar estadunidense, chamada pelos donos do capital e tiraram Siad Barre do poder de "Devolver a Esperança", por para fora um ditador comunista. Ou seja todos que ousa trazer a tona um governo que não seja do modelo neoliberal eles chamam de ditador, embora sejam erroneamente assim classificado nesta imprensa de extrema ignorância mas que espalha essa informação.
E vemos que o devolver esperança com tropas americanas, teve sim o efeito contrário ao que o seu nome propunham.
Se voltássemos ao tempo de Siad Barré veríamos uma Somália iluminada por muitos sinais de esperanças, isto em todo o território, pessoas comuns com iniciativas, no sentido de colocar o futuro do país no seu controle ou seja aquilo que propagamos como o Poder Popular. Evidente que houve muitos fracassos e frustrações, mas também alguns êxitos notáveis.
E o exemplo é que o cindo de outubro de 1992, os anciões da Somália, ou seja os ancestrais, assinaram um acordo de paz, que pôs fim a vários meses de conflito nesta região. E os senhores da guerra que dominavam essa regiao foram colocados num isolamento pelo esforço contínuos de guerrilheiros anciões dos clãs que desejavam a Paz.
No sul do país não houve grandes avanços, porém uma série de acordo a níveis locais, permitiram que a ajuda de emergência chegassem com maior regularidade, como nunca antes, a diferente setores do país. E na cidade de Baidoa no coração da região assolada pela fome os acordos abriram caminho para que os alimentos chegassem à cidade e às aldeias vizinhas e sem que houvesse quaisquer intimidações de saques por exemplo, havia um respeito e um processo organizativo.
Porém começaram a surgir incidente sérios como saques a um depósito e roubos de carregamentos, e o que se observou-se é que essa ação tinha um capital aplicado com veículos armas e ocorreram mortes. E os humildes trabalhadores não dispunham daquelas condições bélicas ou de transportes. E isto entre julho e dezembro de 1992.
Outra novidade era que o nível politico estava alto. Pois anciões e intelectuais estavam unidos, e isto faziam que os senhores da guerra fossem isolados e reorganizaram as instituições sociais. E o general Mohamed Farah Aidid que tinha ficado no lugar de Siad, evidente que estava era sem o poder. Porém a pedra no sapato de todos era os Estados Unidos e o governo de Georg Bush, que teve a chamada intenção de enviar soldados para aquele território. Num Estado que tudo estava tão instável e natural.
E é interessante que tudo estava inicialmente caminhando num contexto popular, a intervenção estadunidense não foram discutida com a população. Com a intervenção o trabalho dos anciões, dos diferentes clãs, dos médicos das enfermeiras, dos caminhoneiros dos voluntários não tiveram a menor possibilidade de cumprir suas tarefas.
As operações militares tiraram a paz e o próprio general Aidid fugiu de Mogadíscio com e os marines norte americanos resolveram saquear pela última vez Baidoa. e o resultado foi uma orgia de violência em que 70 pessoas morreram, e varia centenas ficaram feridas, muitos tiveram de abandonar suas casas e foi preciso suspender o programa de ajuda. E o número de morte subiu de 40 para 100 por dia.
E no entanto os novos generais capitalista como Aidid e o o interino Mohamed Ali Mahdi, ambos disseram talvez para agradar os americanos que os sete ponto de paz assinados anteriormente já não valia.
E por outro lado o que se observou foi a incompetência da Organização das Nações Unidas que não nega e reafirma a legitimidade dos senhores da guerra e no seu afã diplomático conseguiram êxito com os Estados Unidos da América , que estavam com tropas promovendo mortes.
A ONU, na época negligenciou e tornou-se a principal responsável pelo desastre que Somália viveu e ainda hoje tem seus reflexos. e a ocupação americana foi feita com argumentos falsos. E são esses os frutos plantados pelos senhores da Guerra com os olhos cerrados da ONU.
Por isto a história de Muhammad Siad Barré, o presidente democrático da Somália ele que se denominou de Jaadle Siyaad, filho de um pai nômade de apenas o estudo básico, entrou na policia chegando ao cargo de inspetor, que com a independência de seu país foi para o exercito e com o assassinato do seu chefe de Estado Abderashid Ali Shermarke, chegou ao governo.
Siad Barré foi um governo autoritário para combater a Etiópia, pela posse de Ogaden. E no seu governo toda a indústria, todos os bancos foram nacionalizados, com a mensagem da revolução em Somália, os alunos e desempregados foram para as zonas rurais educar os povos nômades.
Mas na época a Somália era vítima da guerra fria devido a sua localização estratégica pela passagem do mar vermelho, o que levou aos Estados Unidos a ter interesse na região e mesmo depois que a União soviética se desfez. Porém Barré inclinou-se para os soviéticos que lhe ajudaram inicialmente, que contou com a ajuda da China. Porém em 1991 as milícias rebeldes foram capazes de penetrar em Mogadíscio capturar e por fim ao seu governo, além de acabar com a integração do Estado e em diferentes setores surgindo novas republicas não reconhecidas internacionalmente, e portanto o que ocorreu foram a volta dos senhores da guerra, que tiveram apoio de Bush, armamentos, voltaram o clanismo e os direitos consuetudinários dos clãs. E até hoje o que esses capitalistas plantaram na imprensa sionista de todo o mundo de que quem tem visões marxistas são ditadores. E é interessantes que o capitalismo mantem a ditadura da burguesia e com muito sangue, basta prestar atenção em todas as guerras. E as pessoas com um olhar capitalista mantém a crítica a um sistema que elas próprias não dominam, apenas repetem chavões como papagaios.
Assim Muhammad Siad Barré, foi o último representante do marxismo islâmico do continente Africano, foi enviado para o exílio na Nigéria e lá eternizou-se falecendo em 2 de janeiro de 1995. A sua história ainda domina todo o arsenal ideológico, de quem viveu, na Somália, para o bem o para o mal a sua história de apoiadores e os detestadores graças a todo o conjunto de ideologia capitalista. Acredito que a nossa intenção foi de lembrar essa fase histórica que precisa ser melhor trabalhada e pesquisada por alunos, professores para jogar luzes na história.
Manoel Messias Pereira
Membro do Instituto Histórico, Geográfico e Genealógico de São Jose do Rio Preto -SP.
Membro do Coletivo Negro Minervino de Oliveira - São José do Rio Preto -SP.
Membro da Academia de Letras do Brasil -ALB -São José do Rio Preto/ Uberaba-MG.
São José do Rio Preto -SP. Brasil

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