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Crônica - 112 anos de nascimento de Vinícius de Moraes, o poetinha do amor - Manoel Messias Pereira

 





112 anos de nascimento de Vinícius de Moraes, o poetinha do Amor


Era ainda garoto e ouvia sempre no radio portátil que a minha mãe comprou de um amigo, que por desilusão da vida, havia separado da mulher, e com certeza era uma bela mulher. E pelo visto também havia perdido o trabalho que tinha como motorista de ônibus na Cometa. E vendeu o rádio para ir para um bar para voltar na casa de mãe e chorar todas as suas mágoas de amor. O que valeu -me foi o rádio em que pude a noite sintonizar no Programa da Radio Difusora "O dono da noite" e de lá ouvi e fiquei encantado com duas músicas de Vinicius de Morais, Ou melhor um poema gravado como o Soneto da Separação e a musica e a poesia que era "Eu sei que vou te amar". Esse fragmento inicial, me fez pensar, na ternura que há no amor, na dor e na melancolia que ele traz.

Entendi a tristeza do vendedor de rádio. A beleza adocicou o meu coração quando vi passar na rua Regente Feijó, aquela beleza de mulher, de belas pernas torneadas, indo a pé para a cidade. E o bobo que dela separou fazia ideia dele chorando no bar embriagado, ai que vontade de rir.

Mas foi isto que possibilitou ter a mínima ideia da beleza deste gigante da poesia que foi Vinicius de Morais. Passei a buscar ouvir e a prestar mais atenção em suas músicas, comprei três livros deste autor, como " Pela luz dos olhos teus", "Para uma menina com uma flor" e "Para viver um grande amor". Comecei assim a minha primeira trilogia de leituras em que estava a poesia, a arte da crônica, a sensibilidade e me vi frente a um grande autor.

Na escola lembro de uma professora de música loira bela, Ter citado Vinicius, Tom Jobim, Pixinguinha, Dorival Caymme, e ter trazido até essas músicas na sala de aula.  Mas essa professora ficou pouco tempo, pois ela tinha vindo no local de outra professora que ficou doente. E depois disto também mudou-se a grade curricular e ninguém mais falava de musica era só recortar papel e fazer uma lambrequeira de cola era uma bosta, Senão era parecia.

Recordo que Vinícius de Morais veio por duas vezes em São José do Rio Preto -SP. e não pude assistir nenhuma das vezes na primeira vez foi no Teatro Municipal, e neste dia eu como era músico de baile fui viajar para cumprir o contrato e apresentar noutra cidade. Da outra vez foi numa sexta feira, tive um professor na escola que marcou prova e eu era simplesmente ortodoxo, não faltei.

Mas Vinicius de Morais desde aqueles tempos de jovem passou a ser o meu ídolo. Ele que nasceu na Gaveia lá no Rio de janeiro, era filho do Clodoaldo Pereira da Silva Moraes um violonista e poeta e de dona Lydia Cruz de Moraes, ele era o segundo de uma família de quatro irmãos. Morou um tempo com a avó exatamente quando a mãe ficou doente. Mas o que todos nós sabemos é que foi um dos fundadores da bossa nova, e um dos importantes poetas da segunda fase do modernismo conforme explicam os professores de letra e história. Seu nome completo era Marcus Vinicius Melo Morais

Seu primeiro livro de poesia foi em 1928, e ele entrou na faculdade de direito em 1929 um bacharel, que nunca exerceu, em 1933 a publicação de seu livro um caminho para a distancia. Trabalhou no Ministério de Educação e Cultura em relação a censura cinematografia. Depois recebe uma bolsa e vai para Londres na Universidade de  Oxford cursa literatura inglesa. Trabalhou na BBC de Londres até 1939 e 1940 Trabalha no jornal A manhã escrevendo na coluna de criticas cinematografia. a sua carreira diplomática inicia em 1943, vai para os Estados Unidos em Los Angeles, depois Paris, Montevidéu e depois novamente em Paris. E em 1964 volta ao Brasil e é cassado pelo AI-5. E segundo o ex-presidente João Figueredo ele foi aposentado por ser vagabundo e ficar o dia todo tocando musica e fazendo poesia e bebendo. Pra mim ser um vagabundo era a mais doce e nobre de todas as profissões.

Em 1956 publicou Orfeu da Conceição levou ao palco no Teatro Municipal do Rio de Janeiro. E no mesmo ano o cineasta Marcel Camus levou o Orfeu negro as telas do cinema e foi considerado Palma de Ouro em Cannes e ganhou o Oscar de melhor filme. Porém no Brasil dedicou-se a música teve parcerias brilhantes, com Tom Jobim, João Gilberto, Toquinho,  Badem Power, Francis Himes, Edu Lobo, Carlos Lyra e Chico Buarque. 

Na sua juventude foi levado por Otavio de Faria, quase caiu nos braços do Integralismo. Porém em 1942 visitando o Nordeste, entendendo a realidade e a necessidade do povo passou a ter a influencia do pensamento dos comunistas, por meio tornando um antifascista convicto. 

Vinicius é lembrado pelas esposas que teve pelo encanto poético do amor e da poesia. Casou-se nove vezes, foram nove esposas como Beatriz Azevedo Melo a Tati de Moraes, depois a Regina Perdeneiras, a Lila Boscoli, Maria Lucia Proença, Nélida de Abreu, Cristina Garjão, Gesse Gessy, Marta Regina Santamaria e Gilda Mattoso, e todas elas vivera intensamente o amor enquanto durou como ele própria dizia e quando terminava ele levava apenas a escova de dente e deixava a saudade de um grande amor na harmonia do momento da despedida.

Mas lembro que somente tive o primeiro contato com a poesia e a música deste grande artista com o radiozinho comprado daquele ser humano meu vizinho que separou da mulher bonita, e que enchia os olhos na rua regente Feijó. E ele coitado deve ter morrido num tonel de caninha, curtindo a dor de não ser mais amado pela beleza daquela mulher. E o meu primeiro encantamento foi ouvindo o dono da noite numa radio que dizia a música, os autores da música dos instrumentistas e da beleza harmônica na voz bem dita falada pelo locutor Roberto de Souza. E hoje já não se faz rádio com essa presteza de informação. Hoje o rádio traz mais dor de cabeça com suas músicas e informações sobre o que estas ouvindo zero. Roberto de Souza, esse nome era um pseudônimo de um radialista afro-brasileiro, cujo o nome de batismo era Arnulfo de Souza Freire nascido em 5 de outubro de 1933 e falecido em 13 de dezembro de 2002. E assim essa a grande lição que carrego comigo por viver intensamente a arte poética da minha existência.

E em 1980, Vinicius de Moraes começou a sentir mal numa banheira onde morava na Gávea. Ele que tinha passado o dia todo com Toquinho. Veio a falecer por um edema pulmonar. E em 2011 a Escola de Samba do Império Serrano trouxe ele como tema. Hoje se passa quarenta anos da morte de Vinicius de Moraes o poeta do amor. E o que resta é ler e ouvir suas músicas como a principal lição  para um mundo em desamor neste mundo em que há a arte do encontro embora haja tantos desencontro pela vida como o poetinha sempre falava.

O poetinha do amor, Vinícius de Morais nasceu no Rio de Janeiro em 19 de outubro de 1913 e veio  a falecer em 9 de julho de 1980. Sua presença humanística, permanecerá eterna, nas canções, nas crônicas, e nas mesas de bar, onde eu sempre ouço, e por falar em saudade, onde anda você?



Manoel Messias Pereira

professor e cronista

Membro do Coletivo Negro Minervino de Oliveira -São José do Rio Preto -SP






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