Os 113 anos de nascimento do camarada Edison de Souza Carneiro
Edison de Souza Carneiro, nasceu em Salvador no dia 12 de agosto de 1912, foi escritor, jornalista e um dos principais etnólogos, marxista e militante do Partido Comunista Brasileiro -PCB, sua obra está toda dedicada a cultura afro e as religiões de matriz africana. Vio a falecer no Rio de Janeiro em 2 de dezembro de 1972.
Era filho de dona Laura Coelho de Souza Carneiro e de seu António Joaquim de Souza Carneiro, e seu pai era engenheiro civil e professor da Escola Politécnica. Não era um sujeito rico mas de uma família que possuía um alto nível intelectual. E hoje também é o dia do Samba mas foi ele Edison de Souza Carneiro quem deixou como legado o principal documento etnólogo sobre essa manifestação cultural em relação a cultura imaterial, ele é o autor da Carta do Samba, apresentado no dia 2 de dezembro de 1962. Ou seja exatamente dez anos antes de sua morte.
Eu conhecia o camarada Edison Carneiro, pois minha mãe escrevera a ele, sobre assuntos de terreiros e espiritualidades, pois ele chegou a ser ogãn de candomblés. E comentava muito sobre sua obra.
O que talvez poucos sabem era que Edison Carneiro na sua adolescência chegou a publicar nos periódicos em Salvador poesias e fez parte juntamente com o escritor Jorge Amado da Academia dos Rebeldes, que era um grupo de jovens com ambições literárias, intelectuais e modernistas nos anos de 1930.
Neste período o camarada Edison ingressava também na Faculdade de Direito de Salvador, quando teve contato com as ideias marxistas pois atuou numa célula que havia na Faculdade ademais coordenada por Carlos Marighella, e a criação desta célula foi exatamente na Casa de Edison Carneiro no Barris, conforme relato de Luís Gustavo Freitas Rossi, e mais tarde em 1935 Edison também foi parte do Núcleo da Aliança Nacional Libertadora - ANL.
Na sua condição de frequentador dos terreiros de candomblés e marxista, ele era conhecido como pesquisador e assim ele fazia denuncias em relação as perseguições e intolerâncias a que sofriam os adeptos dos terreiros.
Foi assim ele que organizou o II Congresso Afro Brasileiro em Salvador que contou com a participação da yalorixá Mãe Aninha como ficou conhecida Eugênia Anna dos Santos, além de Obá Biyi e Martiniano do Bonfim Ojé L'ade.
Formado em Ciências Jurídicas sei que em 1939 veio para o Rio de janeiro e passou a escrever em vários periódicos, como jornais e revistas, além de continuar a sua produção de livros hoje extremamente importante para todos que estudam e praticam a umbanda e o candomblés. Casou-se em 1940 com a sra. Magdalena Botelho de Souza Carneiro e tiveram dois filhos Philon em 1945 e a Lídia em 1948.
Teve uma atuação como folclorista ocupando cargos administrativos e a docência relacionado a cultura popular e do folclore trabalhando no Conselho Nacional do Folclore vinculado a Unesco.
Em 1966 foi um dos representantes brasileiros no Primeiro Festival Mundial de Cultura Negra em Dakar no Senegal e visitou outros países da África. E em Dahomey atualmente Benin participou do Colóquio África/América e desta experiência lançou "contribuição da África à Civilização Brasileira.
O atual Museu do Folclore criando em 1958 hoje leva o seu nome chamando assim de Museu do folclore Edison Carneiro.
A sua produção intelectual é riquíssima pois se observarmos em 1936 ele escreveu Religiões Negras, pela editora Civilização. Depois em 1937 lançou Negro Bantu, em 1947 Quilombo dos Palmares e em 1947 Castro Alves, em 1948 Candomblés da Bahia com Edição do Museu do Estado da Bahia, Em 1950 a Antologia do Negro Brasileiro pela Editora Globo e que saiu também pela Edi-Ouro. Em 1954 lançou cidade de Salvador, em 1956 o livro Conquista do Amazona e em 1957 Sabedoria Popular, e em 1960 Insurreição Praiana, e em 1961 Samba de Umbigada -Educação e Cultura no Rio de Janeiro, em 1964 lançou Ladim e Criolos, em 1965 Dinâmico Folclore e em 1968 lançou 80 anos de abolição.. Após o seu falecimento deixou várias obras escritas que foram lançadas posteriormente como Folguedos Tradicionais em 1974, Capoeira em 1975, Ursa Maior em 1980, e a Carta de Edson Carneiro a Arthur Ramos e o livro de poesia Musa Capenga lançado em 2006.
Pouco antes de sua morte a Academia Brasileira de Letras -ABL reconheceu a sua contribuição intelectual como escritor e confere a ele o Prêmio Machado de Assis.
Edison Carneiro além de tudo fundou a União das Seitas Afro Brasileira uma entidade efêmera porém promoveu debates no esforços de pleitear liberdade de culto de religiões de matrizes africana no Rio de Janeiro.
Entre as homenagens recebidas, ele foi considerado como Grande Benemérito da Portela, Sócio honorário da Escola de Samba do Salgueiro e assim como da Estação Primeira de Mangueira e presidente de honra do Afoxé Filhos de Gandhy, e também homenageado pelo Club do frevo Pás Dourad do Recife.
E em 2022 nós do Coletivo Negro Minervino de Oliveira na nossa Conferência Nacional ocorrida em Campo Limpo Paulista, prestamos homenagem algumas das figuras de destaque na cultura Afro brasileira, que militaram no Partido Comunista Brasileiro e que nunca esquecemos entre elas, Minervino de Oliveira, mas também Edison de Souza Carneiro , assim como Maria do Aragão cujo a amizade e militância foi testemunhada pelo professor Edmilson Costa, assim como Clovis Moura, sempre lembrado pelo camarada António Carlos Mazzeo, que fala da saga para a publicação de seus livros e por fim de Teresa Santos que inclusive teve esse ano de 2024 uma exposição de fotografias e objetos pessoais apresentado na Universidade de São Carlos na cidade de São Carlos. Teresa que esteve em São José do Rio Preto quando era viva e gravou um documentário para o Conselho de Desenvolvimento e Patrimônio Histórico, Artístico, Arquitetônico Cultural e Turístico de São José do Rio Preto -SP, -Condephaact, feito pela professora Loddy, no prédio do Centro cultural professor Daud Jorge Simão.
O dia 2 de dezembro é o Dia Nacional do Samba, cujo o principal documento imaterial foi feito pelo camarada Edison Carneiro, mas im memoria também é o dia em que ele deixa um grande legado da sua vida física e eterniza em nossa memória.
Manoel Messias Pereira
professor de história
Membro da Academia de Letras do Brasil - ALB - são José do Rio Preto/Uberaba-MG
Membro do Instituto Histórico, Geográfico e Genealógico de São José do Rio Preto -SP
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