A Miséria Capital no Brasil do Século XXI
Quando temos a necessidade de sonhar, é porque a realidade tem a necessidade de despertar-nos para a crueldade nacional ou internacional. Pois a estupidez já é histórica e se realizarmos um retrospecto desde o surgimento do ser humano e se atermos aos feitos normais de seu comportamento espantamos ou escandalizamos. E isto percebemos e podemos até explicar.
Somos separados em nacionalidades, divididos por grupos étnicos, divididos em religiões e tecnologias, classes sociais, mas somos todos porém filhos e frutos da própria natureza, portanto seres da mesma espécie humana. E necessitamos emergencialmente de comunhão, de solidariedade, de fraternidade e de socialização.
E a nossa ação primordial é despertar para a sensibilidade, notar a deterioração do ser humano visível e em seguida pensar e evocar a revolução total das consciências, longe da hipocrisia , da insinceridade e talvez essa tenha sido a máxima do sociólogo Herbert de Souza o Betinho, quando pensou no movimento contra a fome e a favor da cidadania. E assim conseguiu a mais profunda compreensão religiosa da vida. Porém é preciso aprofundar ainda mais esse movimento, aperfeiçoar as nossas ações humanisticamente agora refletindo na humanidade, não apenas no socorro imediatista, fugir do movimento ritualístico, de ajustamento e sim implementarmos na sociedade o sentido de vida resultante da auto compreensão. Conhecendo inicialmente a nós mesmos. E descobrindo que o rito natural do País não deve resumir a estupidez e violência, a desvios de condutas do Executivo Federal, juntamente com as duas Casas Legislativas Federais que vão estabelecendo orçamento secreto, mas é preciso uma transparência, de um respeito a maioria da população que pertence a classe trabalhadora, que é quem promove a riqueza porém fica a mercê da distribuição da miséria, do capital.
O ideal seria que o Executivo e o Legislativo fossem poderes gerados a partir dos sonhos de quem trabalha, sabemos que não é mas sim é fruto de nossas angustias e pesadelos, combinado com a mediocridade da classe dominante. E de alguns seguidores religiosos que creem numa alusão a Deus e ao poder político.
Diante de noticias como orçamento secreto, rachadinha, eliminação e intimidação de autores políticos contrários ao pleno status quos. Ou a presença do Estado na periferia das grandes cidades, em que mortes e massacres são muitas vezes frutos da ação de bandidos fardados em nome do Estado com pintas de executores. Sentimos que há mais ações maléficas do que benéficas.
E assim vemos a estupidez, e a intransigência governamental, aliado a hipocrisia. Enquanto a militância sabe das falas e das ações de quem demanda o poder, porém parte desta militância, denuncia mas continua acuada. Parte desta militância tem família, tem filhos, tem a rua para percorrer, e sempre forças formativas para entender a lógica formal do crime capitalista.
Talvez não o crime, com teor jurídico, com embasados nas leis e mesmo que tenham embasamentos, tem uma ação terrível, desumana. Basta lembrar que o processo escravocrata era legal, e dentro da lei em que se marcava seres humanos com ferro quente e chamavam os escravizados principalmente no Brasil de semoventes ou sejas animais. Tanto que neste capitalismo brasileiro vendiam seres humanos olhando-se os dentes como faziam com os cavalos. E quem organizava-se as leis e o status quos eram a elite governante, muitos deles escravocrata e o sistema era capitalista. Essa violência era legal mas a sustentação hoje disto pode depor contra o que entendemos ser humano, portanto é uma ação desumana e já criminosa juridicamente hoje.
Porém o preconceito, a desgraça da discriminação e a miséria capital do racismo é quotidianamente tratada como algo intolerável, mas não há espaço neste capitalismo, que é um sistema excludente, esses elementos e parte auxiliar do capitalismo. Por isto não acaba, e apenas vemos isto sendo reproduzidos por essas autoridades ou seres humanos que ocupam os poderes constituídos inclusive um ser que disputa o governo do Estado de São Paulo, que já diz que tiraria a câmera das fardas dos policiais, o que acredito ser um artifício que pode causar o impacto de um maior massacre e assassinato de pobres e negros pelo próprio Estado nos bairros de maior miséria das periferias paulista.
Outra coisa que sentimos no capitalismo em que num sistema em que vivemos é a convulsão entre o que é público e o que é privado. E o próprio orçamento votado tem lobista, empreiteiras manipuladoras de deputados que agem não como representantes do povo mas como representante do capital privado. E assim deixa a classe trabalhadora também com suas necessidades e suas misérias privadas, e podemos dizer que a nossa fome é privada, e a ideia de ser uma das primeiras economias sabemos que a desgraça da classe trabalhadora tem um significado muito substancial ou seja quem governa é insensível para as reais necessidades do povo deste país.
E assim fixam-se a desgraça como num espelho num jogo de espelho que reproduzem. E com o nosso auto conhecimento precisamos quebrar esse espelho e lutar para a gestação da liberdade ativa nos limites do nosso puro amor ou seja num Poder Popular revolucionário.
Temos a necessidade de sonhar, é porque a realidade tem a necessidade de despertar-nos, para a crueldade nacional e internacional. Entendam isto.
Manoel Messias Pereira
professor, jornalista, cronista e poeta
São José do Rio Preto -SP. Brasil
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