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Crônica - Lembrança de meu pai - Manoel Messias Pereira

 






Lembrança de meu Pai

Nasci, cresci, numa cidade onde resido até hoje ou seja de agosto de 1955 até aos dias de agosto de 2025, tenho portanto 70 anos de vida. Filho de Messias Pereira dos Anjos cujo o meu registro consta apenas Messias Pereira e de dona Florência Pereira dos Anjos, meus pais são primos assim como meus avôs são primos. Hoje dia dos país, e meus filhos resolve fazer o almoço pra lembrar do seu pai que sou eu, que fico observando os netos, que corre, que chora, que pede guaraná, que deixa a comida cair. Aquela zorra familiar.

Mas eu também lembro de meu pai, com uma certa distancia pois não convivi muito com ele. Recordo dele sempre chegando a tarde em casa trazendo um pequeno caldeirão, onde ele levava a comida para o trabalho. E geralmente chegava um pouco alcoolizado em casa.

Nunca esquecia de trazer-me alguns doces, como bombocado, maria mole, paçoca, suspiro, doce de leite, ia jogando o caldeirão entregava o pacote com alguns doces e não conseguia subir as escadas. Minha casa tinha uma escada de madeira.  Já ficava por ali deitava ali, dormia ali, e somente mais tarde ia tomar o seu banho e dormir na cama. Por mais que tentasse, recordo que não conseguia, eu era penas um garoto de aproximadamente quatro a cinco anos, chamava ele tentava leválo pra dentro mais nada dava certo. Minha mãe dizia deixa ele ai mesmo.

Neste período ele trabalhava na Algodoeira do senhor Cury, conhecido como Japurá em São José do Rio Preto -SP., e que ficava bem ali na Rua Bernardino de Campos próximo onde havia um Frigorifico de nome Santa Cruz. Foi ali que mais tarde ocorreu um incêndio e seu patrão veio a falecer. Nesta época meu pai já não morava mais conosco. Devia ter uns 10 anos.

Meu pai era um homem vaidoso, brigava muito por aí, o que sabia era que ele tinha uma boa habilidade, dava muita pernadas, e gostava de ter muitas namoradas. Ainda na infância fiquei sabendo de uma senhora Paula. 

Foi muito tempo depois depois no velório da minha avó conheci outra senhora que teve uma filha dele. E isto  quando a senhora Joana, olhando para mim, perguntou -me o meu nome e informou sou a outra mulher de seu pai. Não foi surpresa pois a minha irmã Maria já havia conhecido a Cristina que era uma menina filha dela. E que se conhecera na escola. Depois fiquei sabendo da senhora Neuza que também teve dois filhos dele, cujo a menina era Kelly e o menino um tal de Fernando. Não os conheço apenas sei das histórias oral contada pelo meu pai. E mais tarde descobri que tinha uma outra irmã, mas que ninguém apresentou-me mas essa história surgiu na Apeoesp, quando fui diretor daquele sindicato, de professores. Só fiquei sabendo. Deixei pra lá.

Mas meu pai senhor Messias Pereira, ficou comigo até quando tinha 6 anos aproximadamente, depois foi embora tinha, muitas coisa pra cuidar que talvez não incluía-me como filho. No meu tempo de criança lembro-me dele naquela escada. E quando foi embora definitivamente estava na casa de minha avó, que era tia dele vi saindo com a mala. E fiquei sabendo que vendera o terreno onde iria construir a nossa casa. Mas deixa pra lá. Eu era apenas uma criança.

Lembro-me dele quando fiz 18 anos veio em casa, foi quando tínhamos uma galinha que saiu na rua e um carro atropelou. Levei a galinha atropelada para uma vizinha dona Etelvina para aproveitar. Pois era uma galinha muito gorda. E quando cheguei de volta lá estava meu pai. Contei a ele o episódio do atropelamento da galinha e ele com um sorriso disse uma galinha gorda com arroz vai bem. E nesta época observei que ele estava ficando careca e imaginei ficarei assim também. Depois ele voltou quando eu casei-me, fez uma graça foi até ao Cartório bebeu algumas dose e foi dormir. Nem viu a cerimônia religiosa.

Outra vez veio em casa pra falar para minha mãe que tinha saudade do tempero  e da culinária dela. E ela olhou de rabo de olho e disse. Que canalha abandonou toda a família, deixou-nos numa vida miserável, sem a sua presença e chega um dia do nada e vai falar da saudade do sabor da comida? Logicamente que era uma doce filhadaputice de um pai com jeito de cara de pau.

Sei que a data dos dias dos pais se comemora no mundo a pelo menos 4.000 anos e teve inicio na Babilônia. Porém esse dia é comemorado no Brasil desde 1953 levando-se em conta o segundo domingo do mês de agosto, é a quarta data rentável comercialmente por aqui.. Nos Estados Unidos  era o terceiro domingo de julho, mas em País como a Tailândia dia dos pais é em dezembro.

Mas é nessa data que recordamos quem foi ou será o pai que temos. O importante é que cada pai ou cada filho tente ser melhor do que foi o seu pai. Ou seja nada de ser conservador, senão a canalhice perpetuará.

Eu não lembro de nenhum Natal com meu pai, não lembro de nenhuma chamada de atenção, o que lembro era ele tinha uma vida que nunca incluía, o filho e talvez os filhos estou falando dos outros e não apenas de minha pessoa, lembro  que ele era nosso parente. E que faleceu após beber cair com pressão alta ir para o hospital de Base em São José do Rio Preto em 19 de novembro de 1985 aos 58 anos de idade.

Depois disto entrei num café aqui no centro de São José do Rio Preto e duas pessoas conversando com um tio que era religioso bem relacionado. E olharam pra mim e disseram vê se ele precisou de pai? Nunca vi fora da linha, sempre trabalhou estudou e realizou-se  na vida. Dei um leve sorriso pois sei que tive uma mãe que foi pai, mãe , deus, e tudo mais que pode. Na outra esquina um taxista perguntou meu nome, e disse e seu pai, e conversei se ele conhecia, sorriu e disse eu era policial aquele homem dava um trabalho, com brigas e namoradas. 

Hoje é dia dos país a todos que tornaram -se pais, meus efusivos cumprimentos a todos e não tem como não lembrar de nossos pais.


Manoel Messias Pereira

poeta. professor

São José do Rio Preto -SP. Brasil




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