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Crônica - Centro e Trinta anos sem Friedrich Engels - Manoel Messias Pereira

 




Cento e trinta anos sem Friedrich Engels


A vida parece sempre um rito de passagem, é como uma travessia, saímos do ventre de uma mãe, aquele que nas orações dizem bendito fruto, mas não somos Jesus, cumprimos um rito de produção como ser humano e seguimos na formalidade encontrando com a morte. E neste contexto cada qual tem o seu pedido. E o pedido de Friedrich Engels fosse que assim que cumprisse esse ritmo de vivo, as suas cinzas fosse  jogadas espalhadas em Beachy Head em Eastbourne.

Em 5 de agosto de 1895 falece assim em Londres o teórico revolucionário teve um câncer na garganta. Obviamente que os tempos em que vivemos são distintos e que conheci na história, de principio numa narrativa, e depois disto li um livro em que ele fala das lutas camponesas, na Alemanha em que se destacam o pastor Thomas Muntzer, e o interessante é que nesta obra a luta de classe está bem presente. Munttzer do lado dos trabalhadores e o pastor e ex-monge católico Martinho Lutero ao lado dos fazendeiros e uma violenta chacina em que os proprietários de terras promovem matando trabalhadores. E o pastor Thomas Muntzer fica sem cabeça é morto numa foiçada.

Mas a narrativa histórica que encontrei no livro de história de J.Volstov e de Zubok, e copilei, disse que quando a social democracia  conquistou o direito de existência legal e emerge da clandestinidade, houve em 1891 um congresso extraordinário na cidade de Erfurt e adotou-se um novo programa . Em relação ao de Gotha. E esse novo programa marcava, indubitavelmente, um passo à frente. E lá estava estabelecido o objetivo final  do Partido da Social Democracia e a instauração do socialismo. E a parte concreta é que havia o anuncio das reivindicações das 8 horas  de trabalho como o direito dos operários, que se organizassem livremente nos sindicatos, o direito de greve, entre outras reivindicações mas ao mesmo tempo, o programa continham concessões sumamente sérias ao oportunismo. Por temor a novas representações contra o partido por parte do governo, os dirigentes socialistas não se atreveram a incluir nele a palavra de ordem da luta por uma república democrática. O erro mais grave porém, consistia em que não houvesse sequer a menção à revolução, à ditadura do proletariado.

E Friedrich Engels segundo esses autores submeteu o programa de Erfur a uma severa crítica. Declarou que não era possível admitir que se passasse por alto, no programa, o problema da luta contra a monarquia e pela instalação da república. destacou que tal fato contribuiu para semear ilusões extremamente perigosas, fazendo crer que a passagem para o socialismo era possível mediante reformista e não um caminho revolucionário, que é perfeitamente realizável a livre encarnação da velha imundice na nova sociedade". Os chefes da social-democracia esconderam das massas do partido as observações críticas de Engels sobre o programa de Erfurt. E somente muito tempo depois tornou-se públicas.

Durante a última década do século XIX, o oportunismo começou a penetrar com grande força nas fileiras da social - democracia alemã. O apoio mais sólido para ele era aristocracia operária. Os fabulosos lucros que os consórcios monopolistas capitalistas obtinham lhes permitia  subornar um polo capitalistas obtinham lhes permitiam subornar um reduzido setor da classe operária formado por mestres e operários altamente  qualificados, e também dirigentes sindicais. Comumente esse suborno tomava forma de salários mais elevados, se bem que as vezes se estivasse também por outras formas.

E assim há o crescimento dos monopólios que trazia em si o nascimento no meio da classe operária, em todos os países, de uma camada privilegiada. Graças a esse fato os salários que recebiam eram mais elevados, essa aristocracia  operária sofria menos as consequências de desemprego no período de crises, razão pela qual transformaram em agentes da burguesia no seio da classe trabalhadora.


Porém após ficar doente e vir a falecer Engels assim como Marx já havia anteriormente falecido, os oportunistas imediatamente começaram a levantar a cabeça. Viu-se Eduard Bernestein elaborar um programa que implicava numa revisão, daí o termo de revisionista que usamos até hoje sobre a doutrina de Karl Marx, ele criticava toda a analise que Marx tinha sobre a sociedade capitalista, sustentando com o andar do tempo as contradições capitalistas, assim como não aceitava os passos para um processo revolucionário Porém todos nós sabemos que não existe capitalismo pacifico, não há suavidade e humanismo no capital. E a critica de Bernestein é contraria ao marxismo. E nisto Engels estava correto em suas críticas.

Mas sabemos que Lenin, compreendeu rapidamente a periculosidade do revisionismo bernesteiniano que ainda hoje perpassa toda a social democracia do mundo e que inclusive vivem bem com os neoliberais fazendo programas de casados juntos, Lenin entendeu as ameaças que isto sinalizava a classe trabalhadora, e disse que a social democracia revolucionaria devia romper com o bernesteinismo. E que são agentes da politica burguesa n seio da classe trabalhadora. 

E nos últimos tempo e nos temos vistos isto ocorrer em todo o século XX, uma prática que começou no século XIX, na instalação da Social Democracia na II Internacional, e que espalhou como um câncer, tão mal e violento como aquele que levou a morte Engels.

Sei da importância de Engels ao lado de Marx nos estudos e na elaboração do manifesto do partido comunista, assim como todos os princípios filosóficos e econômicos do socialismo científicos. E lembro de ter lido o trecho dele pondo a questão do fim do Estado, quando os trabalhadores tomarão nas suas mãos o poder do Estado e principia por converter os meios de produção em propriedades do Estado e esse será de toda a sociedade é a posse dos meios de produção em nome desta sociedade e num último ato como Estado a intervenção do Estado na sociedade será supérflua até porque o Estado extinguirá. E outro trecho que ele escreve é quando ele disse do Reino da Liberdade e a Missão do Estado" são contribuições inestimável para a classe trabalhadora. E são texto e contribuições a partir da realidade pois ele começou a questionar e a impressionar-se com a miséria da classe trabalhadora que estava na fabrica de sua família e fruto desta indignação levou o até Marx e juntos deixarem um obra importante para toda a humanidade.

Friedrich Engels cumpriu o seu rito de passagem entre nós seres humanos, aqui viveu amou viveu junto com Mary Burns, que fez ele pisar nos mesmos espinhos que a classe trabalhadora já teve a possibilidade de amassar com seus próprios pés, era uma proletária analfabeta filha de um tintureiro, mas que permitiu o teórico do comunismo amar imensamente. Ela falece aos 40 anos, e Engels sente-se como qualquer jovem apaixonado e até comenta tristemente a perda da amada com Karl Marx. Mas logo em seguida, passa a ter um affer com a irmã de Mary aquela que permanecer ao seu lado até o fim boa parte da vida, eles se encontravam na rua 86 Mormington Street, era analfabeta não sabia ler e nem escrever mas era uma alma boa participava dos movimentos republicanos da Irlanda e teve uma influencia sobre Eleanor Marx a filha de Marx. Porém com ela também  Engels não ficou pois ela era uma menina que teve um tumor, ficou muito doente e ele casa-se com ela pouco antes dela falecer. E pelo visto ele não era como um amante latino. 

E neste rito de passagem nesta travessia da vida  Engels falece um dia 5 de agosto, um dia antes de lembrar do nascimento de Lizzi Burnes, que fora dia 6 de agosto, ele faleceu e com um detalhe também de câncer, assim como a amada. Poderia eu ter lembrado de sues textos clássicos, mas isto todo mundo lembra, poderia eu ter escrito outras coisas, mas escrevi a travessia do homem que viveu, que amou, que sofreu por amor, que sofreu pela sociedade, pela contradição da luta de classe, que criticou os sociais democratas que saem da II Internacional, em que se discutia a transformação para a classe trabalhadora, mas agem como aves de rapina, negam na sua maioria Marx e apunhala o operariado e os camponeses e revela-se como oportunistas, nesta conjuntura politico social tão difícil. E assim entendo a cronicidade de 130 (cento e trinta) anos sem Friedrich Engels.



Manoel Messias Pereira

professor de história, cronista, poeta
São José do Rio Preto -SP.
Membro do Coletivo Negro Minervino de Oliveira- São José do Rio Preto -SP.
Membro da Academia de Letras do Brasil-ALB
Membro do Instituto Histórico , Geográfico e Genealógico de São Jose do Rio Preto



Texto publicado no livro do Autor "Narrativas Críticas da História"







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