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Chamado à Ação de Brasília: UNFPA e Governo do Brasil conclamam governos a agir sobre clima e gênero

01 agosto 2025

Chamado à Ação de Brasília destaca riscos crescentes à saúde e aos direitos das mulheres diante do agravamento dos impactos climáticos.

O documento foi lançado nesta quinta (31), no encerramento do Simpósio Global 2025 sobre Justiça Climática e Populações Impactadas, realizado em Brasília. 

Organizado há poucos meses da COP30, em Belém do Pará, o simpósio de alto nível foi convocado pelo UNFPA e pelo Governo do Brasil para mobilizar ações climáticas ousadas, baseadas em direitos e com enfoque de gênero. 

Autoridades brasileiras participaram do Simpósio Global 2025, reforçando o compromisso político com a justiça climática. O evento resultou em um Chamado à Ação de Brasília que coloca a igualdade de gênero e os direitos sexuais e reprodutivos no centro da resposta climática global. Crédito: Edgar Marra/UNFPA Brasil
Legenda: Autoridades brasileiras participaram do Simpósio Global 2025, reforçando o compromisso político com a justiça climática. O evento resultou em um Chamado à Ação de Brasília que coloca a igualdade de gênero e os direitos sexuais e reprodutivos no centro da resposta climática global.
Foto: © Edgar Marra/UNFPA Brasil.

O Fundo de População das Nações Unidas (UNFPA) e o Governo do Brasil emitiram hoje um poderoso Chamado à Ação de Brasília, conclamando os governos a colocarem a igualdade de gênero e a saúde e os direitos sexuais e reprodutivos (SDSR) no centro da resposta global à crise climática. O documento foi lançado no encerramento do Simpósio Global 2025 sobre Justiça Climática e Populações Impactadas, realizado em Brasília.

Organizado há poucos meses da COP30, em Belém do Pará, o simpósio de alto nível foi convocado pelo UNFPA e pelo Governo do Brasil para mobilizar ações climáticas ousadas, baseadas em direitos e com enfoque de gênero, em um momento decisivo, quando os países revisam seus planos climáticos nacionais e realinham prioridades de financiamento.

Chamado à Ação de Brasília estabelece um roteiro compartilhado para colocar a igualdade de gênero, a saúde e os direitos sexuais e reprodutivos e a proteção contra a violência baseada em gênero (VBG) no centro da resposta climática global. Ele apresenta medidas concretas que governos e instituições devem adotar à medida que se preparam para os marcos da COP30 – incluindo o Plano de Ação em Saúde de Belém, uma iniciativa emblemática da COP30 voltada ao fortalecimento dos sistemas de saúde como parte da ação climática global.

O Chamado à Ação de Brasília demanda:

  • Mais financiamento climático direcionado a mulheres e meninas, especialmente em contextos de crise.
  • Maior apoio a parceiros nacionais e locais para incluir a saúde e os direitos sexuais e reprodutivos e a proteção contra a violência baseada em gênero nas políticas climáticas.
  • Mais investimento em dados e evidências para orientar ações climáticas com enfoque de gênero.
  • Maior preparação para emergências e sistemas de saúde capazes de resistir a choques climáticos.
  • Que a saúde e os direitos sexuais e reprodutivos e a proteção contra a violência baseada em gênero sejam finalmente incluídas no Plano de Ação de Gênero da COP30 sobre mudança do clima.

Mulheres e meninas já estão pagando um preço alto por uma crise climática que não causaram. Elas enfrentam taxas crescentes de violência baseada em gênero, piores resultados em saúde materna e barreiras cada vez maiores para acessar serviços essenciais, como contracepção e parto seguro. No entanto, a maioria das políticas climáticas nacionais ignora suas necessidades. Sistemas-chave, como saúde, educação e proteção, permanecem subfinanciados e sobrecarregados. Apenas uma fração do financiamento climático global é destinada à igualdade de gênero, e dados confiáveis sobre como mulheres e meninas são afetadas continuam escassos ou inexistentes.

“Estamos em um momento decisivo na nossa luta contra a mudança do clima, um momento que deve nos unir. Vamos aproveitar essa oportunidade para traçar um caminho que assegure justiça climática e fortaleça a resiliência de mulheres e jovens diante da mudança climática”, afirmou a diretora executiva interina do UNFPA, Diene Keita, em seu discurso de abertura.


O Simpósio Global 2025 sobre Justiça Climática e Populações Impactadas reuniu representantes de cerca de 110 países, de forma presencial e online, para debater soluções concretas, baseadas em direitos e com enfoque de gênero, rumo à COP30. Crédito: Edgar Marra/UNFPA Brasil

Legenda: O Simpósio Global 2025 sobre Justiça Climática e Populações Impactadas reuniu representantes de cerca de 110 países, de forma presencial e online, para debater soluções concretas, baseadas em direitos e com enfoque de gênero, rumo à COP30.
Foto: © Edgar Marra/UNFPA Brasil.

Presença de autoridades marca compromisso político com ação climática baseada em direitos e igualdade de gênero

A representante do UNFPA no Brasil, Florbela Fernandes, destacou a relevância do encontro:

“É com profundo agradecimento e renovado senso de propósito que caminhamos para o encerramento deste Simpósio Global 2025 sobre Justiça Climática e Populações Impactadas. Foram quatro dias de intensas trocas, com cerca de 110 países engajados na identificação de lacunas, oportunidades e soluções concretas, baseadas em direitos e em evidências, reafirmando que a crise climática é uma crise de direitos com impactos desproporcionais sobre mulheres e meninas, principalmente aquelas mais vulneráveis.”

O evento contou com a presença de autoridades brasileiras de alto nível, como a primeira-dama do Brasil e enviada especial para Mulheres na COP30, Janja Lula da Silva, e as ministras Marina Silva (Meio Ambiente e Mudança do Clima), Márcia Lopes (Mulheres) e Anielle Franco (Igualdade Racial). Também participaram o presidente da CNPD, Richarlls Martins, representantes da juventude, de povos indígenas e autoridades do Itamaraty.

A ministra Marina Silva reforçou a necessidade de políticas públicas com foco na equidade:

“A crise climática não afeta igualmente todas as pessoas. Todos nós somos afetados pela emergência climática. Nós somos vulnerabilizados por circunstâncias de injustiça econômica, social, cultural e injustiça ambiental. É por isso que é preciso que se tenha políticas públicas que sejam customizadas para cada realidade.”

O evento híbrido de três dias reuniu mais de 150 formuladoras/es de políticas, pesquisadoras/es, lideranças jovens e defensoras/es de direitos de diversas partes do mundo. Ele deu continuidade ao primeiro encontro global do UNFPA sobre clima e SDSR, o Simpósio Internacional sobre SDSR, Gênero e Resiliência Climática, realizado em Pretória antes da ICPD25 em 2019. Na ocasião, foi lançado o Chamado à Ação Futuro da África – uma agenda de advocacy conjunta que instou governos a integrarem SDSR e igualdade de gênero nos esforços de resiliência climática.

O simpósio em Brasília avançou essa agenda, entregando o Chamado à Ação de Brasília como próximo passo para incluir gênero, saúde e equidade nas decisões sobre o clima, especialmente enquanto os países preparam seus compromissos para a COP30.

“Muitos aspectos das mudanças climáticas e seus impactos nas populações foram examinados e aprofundados nas discussões deste simpósio, reforçando o entendimento de que é impossível avançar em resiliência e desenvolvimento sustentável sem integrar a igualdade de gênero nas políticas ambientais e climáticas,” afirmou Janja Lula da Silva“Não pode haver justiça climática sem igualdade de gênero. E não há justiça climática sem a plena participação das mulheres.”

Como agência líder das Nações Unidas em saúde sexual e reprodutiva, o UNFPA traz uma perspectiva baseada em direitos para a ação climática, fundamentada na igualdade de gênero e nas realidades vividas por mulheres e meninas em toda sua diversidade. Com vasta experiência em resposta humanitária, sistemas de dados e serviços de saúde na linha de frente, o UNFPA trabalha com os países para garantir que cuidados de saúde sexual e reprodutiva, bem como ações contra a violência baseada em gênero, permaneçam disponíveis durante crises climáticas. Do apoio a mulheres deslocadas ao fortalecimento de sistemas de saúde resilientes ao clima, o UNFPA contribui para respostas eficazes aos riscos atuais e prepara os países para um futuro mais incerto.

Outras declarações durante o Simpósio:

Ministra Márcia Lopes (Ministério das Mulheres):

“As mulheres estão entre as mais impactadas pelas mudanças climáticas, especialmente as mulheres negras, indígenas e das comunidades tradicionais. Mas também são elas que estão na linha de frente da preservação da biodiversidade, da segurança alimentar e da defesa dos territórios. Por isso, não existe justiça climática sem justiça de gênero. O Ministério das Mulheres tem esse compromisso: garantir que as mulheres estejam no centro das discussões, das decisões e das soluções para a crise climática.”

Ministra Anielle Franco (Ministério da Igualdade Racial):

“Estamos tendo, aqui, mais uma oportunidade de procurar soluções para mitigar o racismo ambiental. O engajamento coletivo e qualificado que tivemos ao longo desses dias nos dá insumos para demonstrar a importância de as populações tradicionais estarem sentadas às mesas onde se tomam as decisões globais. Ninguém pode ficar para trás.”

Dr. Richarlls Martins (Presidente da CNPD):

"O Simpósio Global sobre Justiça Climática e Populações Impactadas reflete o compromisso brasileiro com o enfrentamento às múltiplas desigualdades socioambientais que afetam de modo desproporcional o direito à vida digna dos diferentes grupos populacionais. Para a Comissão Nacional de População e Desenvolvimento da Presidência da República do Brasil (CNPD), esta atividade internacional que sediamos amplia a centralidade da participação social, com especial relevo dos segmentos sociais mais vulnerabilizados, na promoção da justiça climática. A mensagem central deste fórum afirma para a indissociabilidade das dimensões de gênero, saúde sexual e saúde reprodutiva da agenda das mudanças climáticas."

Marcele Oliveira (Jovem Campeã do Clima da COP30):

"Ao redor do mundo muitas juventudes estão organizadas pedindo que seus lugares sejam respeitados e conhecidos também pela sua natureza e a sua biodiversidade. As juventudes estão em seus territórios liderando uma mudança de pensamento porque a gente está numa crise que é também uma crise de comunicação, uma crise de criatividade, onde ficou mais fácil pensar que o mundo está acabando do que como vamos reinventá-lo."

Sineia do Vale (Enviada Especial para Povos Indígenas na COP30):

"Na floresta nós não temos um botão de ar-condicionado para apertar. Morre peixe, aquece água, morre pessoa, morrem as plantas medicinais e nós não podemos morrer junto. Nós precisamos fazer um trabalho em conjunto rumo à COP30 para que nós possamos ter um resultado positivo."

Embaixadora Vanessa Dolce de Faria (Itamaraty):

"Não é possível mais falar de saúde sem o enfrentamento da crise climática. A gente não pode falar de saúde sem pensar nos impactos que a crise climática traz para os sistemas de saúde, sobre a segurança alimentar, a qualidade da água, a qualidade do ar. Da mesma forma, não tem como a gente falar sobre as desigualdades de gênero sem conectar à questão climática."

Para mais informações, siga @unfpabrasil nas redes e visite a página do Simpósio Global: https://brazil.unfpa.org/pt-br/2025-simposio-global-sobre-justica-climatica-e-populacoes-impactadas 

Contato para a imprensa: 

UNFPA

Mariana Alves Tavares

UNFPA

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