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Crônica - Manuel Quirino e sua cultura civilizatória - Manoel Messias Pereira

 






Professor Manoel Messias Pereira


Manuel Quirino e sua cultura civilizatória


Era o dia 28 de julho de 1851 que nasceu em Santo Amaro-BA, Manuel Raymundo Quirino, intelectual afro brasileiro, pintor, escritor desenhista antropólogo. Ele que lutou contra a política do branqueamento dizendo ser cultura civilizatória. defendeu o candomblé. a capoeira. E no filme  e no romance Tendas dos Milagres é a figura de Pedro Archangô, que Jorge Amado resolveu colocar em sua obra. Foi uma figura que no filme tinha como fundo musical a musica de Gilberto Gil. E em 14 de fevereiro de 1923 veio a falecer em Salvador.

 Ele que foi um garoto, que aos quatro anos ficou órfão, pois seus pais foram vítimas de cólera, o que observei é que era filho de José Quirino e Luiza, porém não há sobrenome surge uma dúvida seria uma mulher escravizada, porém num outro documento diz não Luiza mas Luzia, que pode ser Luzia Rocha Pita, mas há um outro documento que fala filho de Maria Adalgisa e, o garoto  teve como tutor o professor Manuel Correa Garcia, que lhes ensinou as primeiras letras.

 Eu passei a ouvir sobre esse autor, conversando na faculdade com alguns colega de classe, que dizia que Manuel Querino, assim como Arthur Ramos e Nina Rodrigues, eram antropólogos, que mantinham métodos de estudos que estavam alicerçados a tal da politica de branqueamento. Porém quando comecei a ler sobre o autor Querino vi que não era bem assim. E ao ir ao cinema e assistir ao filme Tenda dos Milagres alicerçado no romance de Jorge Amado passei a gostar muito mais deste intelectual e ser humano imensamente humanista. Quando descubra as suas qualidades políticas ai sim, entrei em regozijo e conto por que.

Manuel Querino nascido em 1851 viveu até faleceu em Salvador em 14/02/1923, portanto viveu 72 anos, foi fundador do Liceu de artes e Oficio da Bahia e da Escola de Bels artes, foi pintor, foi desenhista, tem livros com desenhos geométricos, depois estudou mis tarde arquitetura, colheu informações sobre a cultura do negro e desenvolveu todo um conjunto de contexto, num período em que a politica do branqueamento era algo naturalizado no Brasil. E a ideia que hoje observamos, dizendo da superioridade racial dos brancos, naquela época já era difundida. Porém Manuel Querino estava  a frente de seu tempo preservando e valorizando a capoeira o candomblé. Coisas que os descendentes de europeu via como  elemento que era o entrave para o desenvolvimento do País.

Buscando informações de  outros autores, vimos que para Henrique Louis Gates Jr, afirmou que o pensamento de Manuel Querino  mostrou e viu-se como desnecessário a ideia de imigrantes ter que vir para ser usado no contexto de branquear a população como alguns cientistas do século XIX, defendiam. Querino antecipou as ideias de Gilberto Freire. E chegou a dizer da sofisticação do trabalho da população negra. Quando observamos o que disse a professora Wlamira Albuquerque, ela afirmou que "Querino deu ênfase ao papel do africano como civilizador. E dizia que o trabalhador brasileira era muito mais capacitado do que os estrangeiros para enfrentar os desafios da sociedade brasileira.

E em relação aos que os amigos de escolas discutiram Manuel Querino discutia com as ideias de Nina Rodrigues que ele achava uma discordância, em relação as suas ideologias, muito eurocêntricas. Porém se há uma teoria ou um traço cultural que diverge de nossa cultura hoje é fácil observar, mas na época não. O que sabemos é que há um aspecto antropológico pioneiro por parte de Querino em relação as nossas raízes culturais.

Quando recordo do romance de Jorge Amado  intitulado "Tenda dos Milagres" descubra que o personagem Pedro Archango foi inspirado na figura de Manuel Querino. E no filme baseado no romance há musica imensamente linda cantada e encantada por Gilberto Gil, e no filme o personagem Archango trata da questão do mestiçagem, tão mal falada pelos europeus. E pelo olhar cultural advindo do Velho Continente. Querino inspirou Jorge Amado.

Querino ainda foi fundador de alguns periódicos como "A província" e o "O trabalho", onde ele defendia os seus ideais republicanos e apresentava a luta pela abolição da escravatura. Além do mais escreveu na Gazeta da Tarde vários artigos e teve a felicidade de ser fundador do Partido Operário e a Liga Operária Baiana.

Manuel Querino serviu ao exército na Guerra do Paraguai, e em 1870 foi promovido a cabo e depois disto deu baixa. Porém em concursos de desenhos, artes plásticas recebeu medalhas, e fez muitas exposições.

Em História foi o primeiro negro a destacar toda a contribuição do negro e valorizou a sua cultura. Num momento difícil da nossa história . Era frequentador do instituto Geográfico e Histórico, frequentava as reuniões e participou também do V Congresso Brasileiro de Geografia na Bahia. serviu como servidor na secretaria da Agricultura, onde foi elogiado e um dedicado funcionário.

A história deste país, tem muita coisa para revelar-se, a importância de Manuel Querino é uma destas, tanto pela ideia do socialismo, que era muito criticado por aqui, pelo visto ele tinha um olhar na Europa e nas causas libertaria de um povo. E no caso dele os negros, além de mais toda  cultura afro  mereceu um olhar respeitável por parte dele, inclusive a cultura do sabor, as comidas, e os temperos trazidos e preparado com um jeito diferente do que os portugueses faziam. E neste contexto creio vejo fundamental importância.

Quanto a vida pessoal como casamentos , filhos são coisas que me foge as mãos, há muita coisa escrita, mas talvez não seja interessante para a comunidade afro. Sabemos que ele faleceu em decorrência de uma malária. Cada ser que passa pela experiência da vida deixa um pouco de si e leva um pouco de cada um de nós. Assim temos que encarar a história, para o bem da humanidade. Abraços.


Manoel Messias Pereira


professor e cronista

Membro do coletivo Negro Minervino de Oliveira-SP. Brasil

membro do Instituto Histórico, geográfico e genealógico de São José do Rio Preto -SP.














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