Há 65 anos da ida de Patrice Lumumba na ONU
Era o dia 24 de julho de 1960 num domingo e chegava em New York o premier congolês Patrice Lumumba, que falaria no dia 25 de julho na Assembleia na Organização das Nações Unidas. O que sabemos é que na chegada foi envolvido por uma multidão de pessoas e diplomatas dos países afro- asiáticos. De fato algumas autoridades asiáticas criaram um pequeno caso de ressentimento por causa da monopolização do tempo do Premier por parte dos diplomatas africanos.
No dia 25 de julho , portanto noutro dia a entrevista de Patrice Lumumba foi a maior até então presenciada na sede da ONU. Todas as informações aqui colocadas neste contexto foram retiradas do livro de Dag Hammarskjold intitulado "E a diplomacia da crise".
Franqueado por diplomatas de outros nove países independentes da África, excluindo-se a África do Sul, que sabemos nesta época adotava a política do apartheid e mantinha uma propaganda dizendo que era lá que o ser humano de cor negra vivia muito melhor no mundo. Mas isto é uma outra história. Vale ressaltar que Patrice se portou com tato e inteligência.
Algumas de suas declarações eram extrema tais como "Quando as tropas belgas chegam, a primeira coisa que fazem é abrir fogo sobre as tropas congolesas". Mais adiante, reduziu à expressão mais simples o problema das tropas belgas, dizendo: Desejo garantir -lhes - podia até mesmo apostar - que as tropas belgas tivessem que deixar o Congo hoje, e cinco minutos depois de sua partida a ordem seria estabelecida e a colaboração entre brancos e negros também seria restabelecida.
E em relação a questão da guerra fria Patrice respondeu, que a " a nossa política é de neutralismo positivo. Não aceitaremos ajuda alguma de países que pensam em se chegar em nós e estabelecer um outro regime de dominação. Não síimos de um regime de dominação para entrar num ditadura.
Patrice Lumumba e seus conselheiros reuniram-se com o secretário geral e seu gabinete para duas sessões de duas horas. O senhor Dag Hammarsjold prometeu ao líder congolês que a ONU "não pouparia esforços, no sentido de remover as forças belgas. E assim tanto o Secretario Geral quanto o Premier congolês concordaram da adoção de medidas como o envio imediato ao Congo de pessoal administrativo da Organização das Nações Unidas quanto de peritos em assuntos de segurança interna.
O Premier Patrice Lumumba vai em seguida para Washington no dia seguinte dia 26 de julho de 1960, para a consulta s de alto níveis com as autoridades americanas e é recebido com todas as honras com uma recepção de luxo que incluía o secretário Herter e 19 salvas de canhão. O presidente e o vice presidente dos Estados Unidos estava por lá. Havia uma banda para tocar o hino do Congo, mas não tocou. Patrice queria ajuda dos Estados Unidos de forma direta, mas foi informado que o Estado Unidos acelerariam o seu programa de assistência ao Congo, através do ponto de vista técnico, e que outras ajudas seria por meio da ONU.
Enquanto isto o secretario geral Sr. Hammarskjold atravessou o Oceano Atlântico e foi encontrar com os belgas, que recebeu o representante da ONU com frieza. A crise do Congo exercera um efeito traumático sobre o povo belga, acarretando tristeza e indignação e porque não frustação. Os belgas criticaram o Secretário da ONU por ter passado três dias com o Premier Patrice Lumumba. E acrescentaram que o problema de Catanga ou seja do Congo era um assunto interno. E devendo ser resolvido pelos próprios congolês. E afirmando "pedimos a ONU que não intervenha em assuntos internos do Congo". Quando o secretario da ONU declarou "não de modo algum".
O governo belga desejava um Estado de Catanga à parte, controlado pelo Senhor Tshombe e muito trabalho neste sentido. A França e o Reino Unido simpatizavam com os interesses belgas, mas os EUA estavam neutros.
Enquanto que a sucessão de Catanga era fortemente encorajada pela Bélgica . E após a independência do Congo o problema era controlar o exercito congolês e fazer com que o povo mantivesse a sociedade organizada. Porém o problema mais serio foi a ameaça de guerra civil entre Catanga e a Republica do Congo.
Logo em seguida à aprovação da primeira resolução do Conselho de Segurança no dia 14 de julho de 1960 a ONU e EUA começaram a fazer pressão sobre a Bélgica para garantir as suas tropas retirar-se iam tão logo chegassem as forças da ONU, e so Sr Dag Hammarskjold havia obtido esse acordo, ao deixar a Belga.
Porém o que sabemos é que no dia 28 de julho de 1960 o secretario geral desembarcou em Brazzaville capital da Republica do Congo, e veio num jato da companhia de aviação belga um vagaroso DC7C pela KLM. E vai ser ovacionado pelos congoleses. A população mostraram o que queria "rápida libertação para o Congo", Retirada total dos belgas e abaixo Tshombe.
E os problemas passam avolumar-se, para o secretario da ONU, como a retirada de três bases militares que a Bélgica teve com o tratado da Independência, o incremento de inúmeros programas da ONU, assistência técnica e financeira da ONU no Congo e o futuro da província de Catanga. E assim Hammarskjold pediu paciência.
Já no dia 30 de julho de 1960 o Secretario da ONU teve uma visão menos otimista tentou-se evitar uma guerra civil. Por outro lado Lumumba também fez pressão. E num jantar oficial , o que se viu foi um discurso menos diplomáticos e mais violentos por parte da ONU quanto por parte do Premier congolês, teve acusação da ONU em relação e a fala de Hammarskjold "não esperem de nós, atitudes que possam por em risco a futura felicidade daqueles que querem ajudar.
E o momento de tensões se seguiram por outros dias, mas é importante mostrar essa relação entre Estado como do Congo que teve no poder Patrice Lumumba, que tinha jeito de um liberal, que em plena guerra fria, Mas tinha num contexto uma forte formação marxista, diante do imperialismo americano e belga, que no final teve o desfecho que todos nós sabemos. Foi sequestrado e morto num acordo que envolveu o próprio Imperialismo americano e seu serviço secreto num ordem que era sequestra e assassina esse dirigente. e no seu lugar ficou um ditador como testa de ferro. Como aliás é comum neste capitalismo de neocolonização, imperialismo e Estados dependente. Eu nunca esqueço daquela frase do camarada presidente Nyerere, que dizia da ajuda que mais atrapalha. É a ajuda do Ocidente, diria os brasileiros coisas do "Amigo da Onça" pelo menos aqueles que lembram do personagem das anedotas da Revista o Cruzeiro. Cujo o amigo e militante afro brasileiro, Aristides dos Santos já falecido certa vez fez uma exposição em relação a esse personagem.
As informações foram colhidas da obra de Richard I Miller "Dag Hammarskjold e a diplomacia da crise" da Editora Letra e Arte do Rio de Janeiro -Edição de 1962.
Manoel Messias Pereira
professor de história e jornalista brasileiro
Membro do Coletivo Negro Minervino de Oliveira - São José do Rio Preto -SP.
Comentários
Postar um comentário