do dia 7 de junho é de assentamento poético de Nery e Leminski
ACALANTO
Oh se a vaga música
Ouvida no pensamento caído
Consolar pudesse
A nostalgia do gesto perdido,
Se o tremor dessa canção sutil
Despertasse o olhar às paisagens
Sem que passar pudesse
A lamentação das velhas imagens,
Se ao menos essa cantiga distante
Que mata a palavra sugada
Pelo tédio e a solidão
Ao corpo deixasse
O silêncio sem dimensão,
Eu diria que o meu destino
É rio calmo e sereno
Contornando sem segredos
Um frágil e pequeno.
Adalgisa Nery.
Nascida Adalgisa Maria Ferreira, usou o nome de Adalgisa Nery, o nome de casada, foi uma poetisa brasileira modernista nascida no dia 29 de outubro de 1905 no Rio de janeiro e veio a falecer no dia 7 de junho de 1980. Casou -se a primeira vez em 1922 com o pintor Ismael Nery. Depois viuvou. Trabalhou no Conselho de Comércio Exterior do Itamarati. Seu primeiro livro veio em 1937. Em 1940 casou com o jornalista Lourival fontes - Diretor do Departamento de Imprensa e Propaganda - DIP da ditadura de Gétulio Vargas.
Bem no fundo
No fundo, no fundo,
bem lá no fundo,
a gente gostaria
de ver nossos problemas
resolvidos por decreto
a partir desta data,
aquela mágoa sem remédio
é considerada nula
e sobre ela — silêncio perpétuo
extinto por lei todo o remorso,
maldito seja quem olhar pra trás,
lá pra trás não há nada,
e nada mais
mas problemas não se resolvem,
problemas têm família grande,
e aos domingos
saem todos a passear
o problema, sua senhora
e outros pequenos probleminhas.
Paulo Leminski
Paulo Leminski nasceu em Curitiba em 24 de agosto de 1944 e faleceu em 7 de junho de 1989. Paulo Leminski, foi escritor, jornalista, poeta e publicitário, tradutor, músico e professor brasileira. Tinha um jeito próprio de escrever, com trocadilho e brincadeiras além de abusar de gírias. Nasceu e faleceu na cidade de Curitiba.
Ambos os autores são duas grandes personagens de nossa história, as coisas que convergem é que ambos faleceram numa mesma data 7 de junho. E todos na mesma cidade em que nascestes. Porém em períodos que tiveram experiências diferentes. Adalgisa viu o inicio do século vinte, conviveu com a política do café com leite no Brasil, viu a ditadura de Getúlio e ainda casou-se com um jornalista do DIP. Leminski, conheci na televisão fazendo o programa "Jornal de Vanguarda" na qual fazia o seu jornalismo acrescido de arte com música e poesia. Ele dizia que o poeta se define por criar beleza e não conteúdos. E diziam deixa os conteúdos para os jornalistas os especialistas e professores universitários. E parece que ele sabia disto, pela sua experiência própria.
Pensar a poesia e pensar o poeta é lembrar de suas obras e das expressões que nela constam, por exemplo a poesia de Nery, Acalanto, que fala do silêncio da nosso ser na nostalgia, no olhar a paisagem de encantar com a vida.
Pensar a poesia de Leminski é permitir saber das dores coletivas, saber que muitos esperam que sejam resolvidas por decretos, pelos detentores do poder, quando na verdade os nossos probleminhas não devem ser resolvidos com outros probleminhas. Ou seja há necessidade de refletir sempre.
E a poesia deve revestir em nós todos os dias. Assim é bem melhor provavelmente.
Manoel Messias Pereira
poeta - São José do Rio Preto -SP.
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