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Artigo - Saudade da poética de Allen Ginsberg - Manoel Messias Pereira

 




Saudades da poética de Allen Ginsberg


Hoje é a data de nascimento de Irwin Allen Ginsberg, natural de Newark, Nova Jersey ou seja 3 de junho de 1926. Um autor que faleceu em Nova York em 5 de abril de 1997. Um autor considerado obsceno em 1956  por falar de seu relacionamento amoroso com o seu companheiro Peter Orlovsky, no livro "Uivo".

Eu sempre gostei de poesia, e sempre gostei de saber de quem escreve, de quem escreveu e viveu intensamente para a arte de transformar a palavras e obras literária versificadas. Foi assim que descobri um dia Allen Ginsberg. E me recordo que comprei o livro deste autor, chamado a "Queda da América" editado pela Editora Brasiliense. E fiquei maravilhado. E assim que comecei a ler, parece que tinha visto e conhecido alguém muito próximo de minhas amizades. Pois bem de cara identifiquei a poética do rio-pretense João de Barros (já falecido) que trabalhava na Casa de Cultura. E que uma vez escreveu um poema chamado "Telúrica" que era quase uma declaração de amor a um amigo. Um amigo que ele amou com intensidade se entregou todo tiveram um boa relação sexual, numa noite curtiram uma fogueira e separaram-se o rapaz havia passado num vestibular fora da idade foi embora e deixou-o com saudade. E este texto em versos, participou de um concurso literário em São José do Rio Preto e foi considerado uma obra prima e foi a primeira vez que ouvi  falar em geração beat.

Esse livro em que ele Ginsberg escrevia, dizia das experiências sexuais nos banheiros públicos e as frases lá encontradas por vários autores. Mas a Queda da América também falava da crise do próprio sistema capitalismo que vive e continua continuamente em crise. E alimenta-se da crise. Eu quando fazia faculdade fiz um trabalho sobre alguns textos que estava neste livro e depois acabei vendendo-o, para um estudante  que óbvio não consigo lembrar-me, quem.

Ginsberg é considerado o maior poeta americano da geração beat, mas ele inspirou inicialmente em Walt Witman, o maior beatnik. O livro Uivo como afirmei anteriormente foi a sua grande polemica e ganhou notoriedade devido ao processo tido como obra obscena. Porém em 1957 o juíz  Clayton W. Horn, pautou que o livro não era obsceno. E disse "teria algum tipo de liberdade de imprensa ou de expressão se algum devesse reduzir o seu vocabulário a vazios eufemismos".

A sua história de menino segundo consta foi bastante complicada, era tímido e  pelo visto sua mãe sofria de  transtornos e acreditava numa longa perseguição. O que pode até ser verdade ela era comunista num país excentricamente capitalista, como lidava com isto não sei. E desde muito jovem Ginsberg sentiu-se atraído por outros meninos. A questão do seu livro serviu de inspiração a Alvah Goldbook que lançou no Brasil "Os vagabundos iluminados," em Portugal  Os vagabundos do Dharmo no ano 2000 ou vagabundo de Verdade de (Jack Kouroac de 1965).

Em certo momento da vida Allen Ginsberg  tornou budista e passou a estudar as religiões orientais.  Foi um período em que estudou as religiões orientais e passou a viver uma vida modesta, suas roupas eram compradas em brechós, vivia num apartamento barato. E teve como guru o lama Truing Rinpoché, E neste contexto passei a identificá-lo com esse mundo de riqueza interior, longe da riqueza material. E nisto também outro amigo que estudava cultura orientais o rio-pretense João Cesar Costa, o Guru, hoje falecido Um apelido que ele recebeu de quando estudava na Unesp de Araraquara. Mas pouca gente sabia disto. O interessante que ele sempre dizia que a esquerda não estava entendendo o olhar isotérico das coisas. E eu sempre brincava com ele, se já havia levado essa proposta para o PSTU. Eu ria porque eu sempre soube que quase toda a esquerda segue a linha do materialismo histórico dialético. E nisto lembro que ele adorava poesia e Ginsberg era um de seus poetas de frente.

Mas voltando a poesia do livro Uivo, é uma obra que por meio de seus poema Ginsberg opôs vigorosamente ao militarismo e inclusive ele foi um dos líderes da luta contra a guerra do Vietnã, era contra o materialismo burguês e econômico e também contra a repressão sexual. E nesta obra incorporou também outras questões  em relação as drogas, a hostilidade à burocracia ea abertura pra as religiões orientais.

Na Universidade de Columbia em Nova York, as amizade do poeta, que também estudou Direito, e encontrou o grande poeta e ator Jack Kerouak, e o estudante Lucie Carr, que juntou mais tarde com William S. Burroughs e Neal Cassady. Ginsberg apesar de ser mais jovem incentivava todos a poesia e acreditava num mundo com o olhar poético.


Entre os fragmentos de Ginsberg, recolhi apenas esses


 "América não aguento mais minha própria mente./América quando acabaremos a guerra humana? Vá se foder com suas bombas atômicas. Não estou legal, não me enche o saco." 


E nisto creio que o recado ao seu país de origem, que sempre quis ser a policia do mundo, que sempre esteve envolvida em guerras, que sempre usou do expediente do material bélico no seu imperialismo, para deixar outros povos na sua dependência e ficar com a riqueza.


"Nós tocamos em questões permanentes: o império americano, ecologia, revolução sexual, censura.

Também em questão de Terceiro Caminho, nem o comunismo nem o capitalismo, que pregamos enquanto os intelectuais procuravam extremos do marxismo ou do anticomunismo. Nossa preocupação é alterar o Estado de consciência e achar soluções ecológicas e não ideológicas"


E neste contexto eu leio Ginsberg, e sinto as palavras de João Cesar, quando ele dizia eu não sou nenhum intelectual eu sou um revolucionário, pena que os partidos não estão na dimensão que eu quero. E a esquerda não discute esoterismo. E nisto creio que a frase de Ginsberg quando ele começa a escrever Uivo é interessante para recordar "Eu as melhores cabeças da minha geração destruídas pela loucura".

Sei que toda a arte é assim é buscar a ideologia para viver, é recorar Cazuza no Brasil,  Raul Seixas, porque os nossos heróis aos pouco morrem todos de overdose. A morte de Allen Gisberg foi aos 71 anos e se ele estivesse vivo estaria completando hoje seus 99 anos.

O bom do artista é que ele passa e toda uma geração que curte a sua arte, que muitas vezes, ultrapassa os entendimentos habituais corriqueiros do dia, pois transmutam num elevado patamar de suas intelectualidades, quase que um sonho em que vivemos e espalhamos, no meio desta realidade pandêmica da sociedade de pleno consumo. Em que recolhemos flores, cimentos e choramos as ideias dos amigos que também partiram. Aos dois Joãos, ao João Cesar o Cesão, em que a última vez que falamos apenas discutimos sobre a arte na sua gênesis primária e primitiva. E quanto ao João de Barros, foi a muito tempo em que ele foi na minha residência e eu entreguei um livro a ele até não me lembro qual. Foi um livro que traduzia o amor e a amizade só sei que provavelmente deixei feliz. E para todo sempre e eternamente.


Manoel Messias Pereira

professor de história, poeta, cronista

São José do Rio Preto -SP

Membro da Academia de Letras do Brasil-ALB








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