34 anos sem a camarada Maria Aragão
Em 23 de junho de 1991 faleceu em São Luís- MA, a camarada Maria Aragão, como ficou conhecida Maria Jose Camargo Aragão. Tinha na época 83 anos de idade. Ela que foi professora normalista, médica Ela que nasceu no povoado de Engenho Central no município de Pindaré Mirim em 10 de fevereiro de 1991.
Como médica foi pediatra, ginecologista e obstetra, e professora, militante do Partido Comunista Brasileiro-PCB, tida como a médica dos pobres. Era filha do senhor Emídio Aragão, um guarda fio da Cia. de Telegrafo e de dona Rosa Camargo Aragão ambos afro descendentes, dona Rosa era analfabeta mas sempre dizia, para fugir deste estágio de pobreza e de fome temos que os filhos estudando. Maria Aragão era a terceira de sete filhos de dona Rosa.
Os primeiros estudos primários de Maria Aragão foi no tradicional Liceu Maranhense, onde também Maria concluiu os seus estudos secundário optando pelo ensino médio Normal. Tornando-se normalista.
Em 1919 dona Rosa mudou-se para São Luís, e o que possibilitou ela lecionar, como era o imaginário de toda menina do início do século XX, mas ainda na adolescência sonhava em ser médica. E quando sua mãe ficou doente e necessitava de um médico especializado o que faltava no Maranhão precisou vir para o Rio de Janeiro, período em que dona Rosa acabou falecendo.
Maria Aragão viu a possibilidade de entrar na Faculdade na Universidade do Brasil atual Universidade Federal do Rio de Janeiro -UFRJ e em fins de 1920 a 1930 lecionou para crianças, e também deu aulas de português particular, para manter seus estudos embora teve um irmão que também ajudava com o que podia uma vez que era um militar.
Maria Aragão sofreu, com a desigualdade, o racismo, e após a morte de sua mãe para ficar na Universidade ela teve passar horas sem dormir, passar fome e lembra que era apenas 10 aluna no curso de medicina entre centenas de de alunos.
A profissão da medicina e do magistério, vai também aflorar a sua consciência social ela se forma em medicina em 1942 período em que o mundo estava na Segunda Guerra Mundial, um período de escassez de insumos médicos e falta de antibióticos. Ela optou em ser pediatra especializou em 1943, porém um acontecimento marca a sua vida. A morte de sua única filha aos 2 dois anos de idade vitima da disenteria bacilar. Foi quando Maria de Aragão passou a mudar para a ginecologia e a obstetrícia, pois tratar de criança trazia de volta a dor da perda.
A vivencia da orfandade, as dificuldades nos estudos, o racismo e a perda da filha apenas ajudaram a engajar muito mais na militância política. Esperando maior oportunidade mudou -se do Rio de Janeiro para o Rio Grande do Sul. Onde foi discriminada por ser mulher, por ser negra, por ser médica.
Sua atuação profissional de 1945 quando atendia as famílias pobres sem nada cobrar, quando dirigia um jornal do Partido e dava aulas particulares, no partido passou a admirar a figura de Luis Carlos Prestes. Voltou para o Maranhão, era uma fagulha num local de latifundiários de oligarquias e ela mulher pobre que fazia oposição. E também enfrentou a fúria da Igreja Católica cujo um pároco incentivou a população a apedrejá-la simplesmente por ser comunista.
Acabou sendo presa em 1951 acusada de ser subversiva, quando o partido ficou sabendo enviou para lá um advogado mas ela só foi liberada da prisão em 1952. Na prisão sofreu com uma infecção que ao sair precisou ser internada. E em seguida o Partido conseguiu que ela fosse para a União Soviética onde ela foi pra la encaminhada permanecendo 1 ano e três meses.
Em 1973 acabou novamente presa em Fortaleza e acabou ficando sete meses saindo em dezembro de 1973. Depois em 1977 acabou novamente detida onde acabou presa e torturada. E conforme a pesquisa de Maria Antónia Piedade Araújo, havia um requerimento de prisão preventiva no DOPS-RJ.
A história de maria Aragão hoje é conhecida de muitos brasileiros, e foi retratada na peça teatral Besta Fera, além de ter também a sua biografia cênica encenada pelo grupo Xama Teatro de 2008, E em 1989 foi homenageada pela escola de Samba Favela do Samba com o enredo "A Peleja contra o dragão da Maldade". Em São Luís -MA, o arquiteto Oscar Niemeyer, criou o projeto de uma praça pública. O espaço construído para homenageá-la como figura pública de relevância histórica e política do MA.
Em 1983 ela foi eleita pela Direção da Cut- do Maranhão. Em 1985 Ajudou a criar o Conselho Estadual dos direitos das Mulheres e também presidiu a Associação de Mulheres Médicas que promoveu acordos de saúdes voltado para a população feminina.
A história da camarada Maria Aragão é a plena concepção da luta de classe num contexto de um país capitalista selvagem que desrespeita os seres humanos negros, em que utilizam o preconceito a discriminação e o chamado racismo da própria estrutura do capital, sem desvincular a questão do preconceito à mulher e toda a discriminação que elas sofrem, além da solidão, e do combate ao sistema capitalista neoliberal e burguês desta sociedade de exploradores e de explorados. Lembramos dela na Conferência CNMO Nacional. Ela que em vida era bastante próxima do camarada Edimilson Costa inclusive conterrâneos da mesma Unidade da Federação.
Manoel Messias Pereira
professor de Estudos Sociais e História
Comentários
Postar um comentário