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Crônica - A lógica da estrada - Manoel Messias Pereira

 







 A lógica da Estrada 




A imagem que tenho na  leitura e na confecção de minha  literatura sempre conduz-me a uma estrada. Como que precisasse de uma saída, de caminhar para um lugar não comum. Mas quando penso isto observo que simbolicamente uma estrada já foi usada em filmes, em  como "estrada em fúria" que trata do dar poder ao ser feminino, ou no filme de Vicente Ferraz chamado "estrada 47", há outro título chamada "estrada deserta" e talvez o mais conhecido foi "A estrada de Thelma e Louise'. Mas  tudo isto pra indicar a ideia de sair, de renunciar a fixação geográfica, social para uma outra visão desconhecida.

A ideia de buscar o novo olhar, sentir novas sensações, ter outras experiências é uma forma creio eu que o nosso subconsciente indica que precisamos romper com essa ilha de problemas de frustrações de determinismo que foge a lógica da afetividade da ternura e com certeza há apenas a lógica do mercado.

E para chegar a esse pensamento, que não é sustentado numa loucura aparente, mas numa lógica. E para tal temos que atê-la como objeto de estudo e aplicá-la sobre uma realidade social encontrando um fundamento radical e tornando essa realidade objetivo científico. Essa ideia nos podemos aplicá-la, no campo, nas fábricas, nas universidades. Ou seja que lógica é essa?

Para ilustrar trago como objeto histórico desta realidade a Revolução Industrial, que nasce na segunda metade do Século XVIII na Inglaterra, num processo descrito pelos livros didáticos como revolução técnica, quando na verdade aconteceu uma radical mudança revolucionária de cunho burguesa e as razões para que tudo isto ocorresse foi a acumulação de capital chamada por muitos como acumulação prévias ou primitivas frutos da exploração das colônias. Ao mesmo tempo que havia matérias primas a serem exploradas, e no contexto surge as manufaturas com artigos de consumo de massa. Além do mais quem passou a deter essa acumulação  primitiva e também essa matéria prima, passou a ser dona da mão de obra ou a controlar o ser humano. Ou seja esse trabalhador surge do processo de exploração, e passou a ser empregado pra manter a sua subsistência, acabou inclusive aceitando uma rígida disciplina fabril. E pra completar surge ainda a ideia do mercado consumidor. Esse trabalhador ganha pouco mas gasta o pouco que ganha. E é nesse momento em que a classe burguesa passa a ter  sua liberdade financeira, mantem o seu horário de lazer, suas festas. Enquanto que neste momento histórico, havia um ser humano que permanecia preso 15 ou 16 horas na fabrica produzindo riqueza e não fazendo parte dela.

 O caminho era a superação desta prisão era encontrar uma saída, uma estrada. Portanto neste caso a lógica era discutir a Revolução Industrial, não pela revolução industrial, mas pelas condições objetivas de vidas de pessoas que operava a riqueza sem fazer no entanto parte dela.

A busca de ampliar todas as discussões possíveis e imaginárias em que há dores, e reclamos, em que as pessoas desejam uma saída a estrada aponta esse lugar inexplicável. Com isto é bom entender outro contexto dos que vagam, sem muitas vezes ter qualquer relação com a sua raiz familiar, com a sua história. E vê na rua a simples possibilidade a de sempre caminhar.

Essa estrada é a busca racional e irracional, de direitos, que incluem a liberdade do ir e vir, a vida em dignidade, a sua cultura, que hoje aparece de forma interessante chamada cultura de rua. 

E apegando ao exemplo dado a questão da Revolução Industrial, mesmo trabalhando 15 e 16 horas não foi o patrão que se posicionou favorável a saúde ao bem estar do funcionário ou seja do trabalhador.

 A estrada foi o Movimento dos trabalhadores, que de princípio foi ludita, ou seja inspirado em Nedd Ludd , que foi um aprendiz em Anstey- Leicestershire, que destruiu as máquinas a martelo de avanço e  pra impedir que o desenvolvimento científico, possibilitasse o  desemprego humano. E essa violência teve contra  a consequência foi a violência do Estado e dos patrões sobre esses trabalhadores inclusive vieram com repressões, e por fim o Cartismo, desprezado naquele instante pela classe política e mais tarde utilizaram o socialismo.

Sempre essa janela em que há esse caminho ou estrada é a busca de uma resolução. Essas resoluções deve ser hoje tramada entre os grupos que possuem o mesmo interesse, na formulação de células. E essa população organizada pode e deve começar a confrontar o poder já estabelecido. Deve ter posturas revolucionárias, deve caminhar sempre em marcha para uma solução. E crer não numa reforma, mas numa revolução. Ou seja não adianta residir numa casa que racha e pode cair. É melhor derrubá-la e reconstruir de forma rápida e eficaz.

Entre as coisas que está necessitando de uma saída e que não vejo uma discussão ao contento, nem mesmo no Parlamento brasileiro, que tens sido muito ruim  e ineficiente neste ponto de vista. Estabeleça um atendimento universal numa rede como o SUS, mas deixa o doente aguardando de quatro a dezesseis meses numa fila pra ser atendido, com procedimentos médicos ou senão ocorrer isto no serviço público precisa recorrer ao serviço particular. Ou morre por falta de dinheiro. Isto chama-se desumanidade, falta de respeito. Mas os representantes do povo, continuam calados muitos até são patrocinados pra esculhambar o sistema. e por isto não há sequer um pronunciamento contrário a essa espera macabra. Pois todos brincam com a vida graças a um sistema de mercado. é preciso uma estrada pra romper com isto, necessitamos fugir desta tortura. E  a saída é a lógica é a solução. Ah! quanto aos filmes, penso que devemos assistir a cada um deles e numa outra oportunidade, comentar, ou escrever uma crônica, pois a arte serve pra fazer pensar, numa realidade, que machuca, muitas vezes sem querer. Ou como diria o humorista que usava o nome de Chaves, "Sem querer querendo". É uma brincadeira bem deprimente. E uma seriedade chutada infelizmente.

Enquanto as alegorias aos filmes, que mostraram saídas como a estrada em fúria, ou a estrada deserta, ou a estrada como de Thelma e Louise, que mostra-nos que há uma saída e que não podemos deixar pra trás nossos amigos, nossos camaradas e nossos companheiros e companheiras, saída nos dá essa busca e talvez tudo num sentido literário e figurado, mas que podemos recolher exemplos e estabelecer frutos para o realismo que respiramos.



Manoel Messias Pereira

cronista
São José do Rio Preto -SP. Brasil







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