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Crônica - Lima Barretos, um realista brasileiro - Manoel Messias Pereira

 







Lima Barreto, um  realista brasileiro



Em 13 de maio de 1881, o Senhor Joaquim Henrique de Lima Barreto, um tipógrafo, e sua senhora Sra. Amália Augusta, uma professora primaria ambos negros, pobres tiveram um filho que recebeu o nome de Afonso Henrique de Lima Barreto. Um garoto que teve a infelicidade de perder a mão aos sete anos.

Afonso Henrique de Lima Barreto, sofreu todo o preconceito por não ser branco. Mas era afilhado do Visconde de Ouro Preto, título de Afonso Celso de Assis Figueiredo, que influenciou a entrada de Lima Barreto no Colégio Pedro II. E mais tarde ingressa também na Escola Politécnica do Rio de Janeiro. Quando cursava o terceiro ano precisou deixara a escola isto em 1903, seu pai enlouquecera e coube a ele o sustento de sua casa e cuidar dos seus três irmãos menores.

E entre as suas lembranças ele comemorou  de mãos dada com o seu pai a Assinatura da Lei Áurea, uma vez que era também o seu aniversário. 

Ao matricular na Politécnica e teve de ouvir. "onde já se viu um mulato e com o nome do rei de Portugal."

Em seguida  presta o concurso de escriturário no Ministério da Guerra e aprovado fica neste serviço público até ser afastado. E em 1905 começa no jornalismo com uma série de reportagens que escrevia para o Correio da Manhã.

Em 1907 funda a Revista Floreal que saiu apenas quatro numero. E em 1915 depois de ter publicado em folhetim Lima Barreto publica o Triste Fim de Policarpo Quaresma. Um romance em que ele faz uma critica aos ideais republicanos e nas frustrações de um funcionário público Policarpo Quaresma, um homem metódico e nacionalista fanático. Um sonhador ingênuo que estuda as riquezas do país, uma obra onde ele faz um painel social e humano dos subúrbios cariocas.

Na literatura brasileira é visto como um autor pré- modernista, com obras realistas, usa uma linguagem direta e não segue muitas regras gramaticais. Fato esse que levou a ser criticado, porém a sua obra mete o dedo na ferida de uma republica cheia de questões sociais e não conseguem dar uma resposta efetiva  população brasileira, portanto uma república débil, frágil

É um autor inquieto e rebelde e óbvio inconformado  com a mediocridade, e que remete a doença de seu pai. Toda a carga que sobrou para ele dai entrega-se a bebidas. Sendo muitas vezes internados. E na cidade de Mirassol-SP, ficou internado para tratamento do alcoolismo.

No período em que estava em pleno tratamento escreveu Cemitério dos Vivos, fruto de muitas visões. mas também lançou outros livros como o Escrivão Isaias Caminha, as aventuras foi Dr. Bogoloff, Numa e Ninfa. Entre as suas obras encontramos sátiras, contos, crônicas e romances. Entre outros. Era também um leitor de Machado de Assis, autor que gostava.

A rede Globo lançou uma novela chamada Fera Ferida, na qual os personagens eram todos alicerçados nas obras de Lima Barreto.

A morte deste autor se deu em 01 de novembro de 1922 aos 41 anos. Uma juventude. Ele nesta época estava aposentado pelo exército brasileiro, pois desde 1918 passou a sofrer com uma epilepsia toxica e sua última internação se deu de 1919 a fevereiro de 1920.

Em 1982 o GRES Unidos da Tijuca homenageou na Avenida. Foi também motivo da pesquisa da professora Lilia Moritz Schwarcz, que escreveu "Lima Barreto -Triste visionário "lançado pela Cia das Letras.

Hoje ler Lima Barretos, é necessário e vale uma boa reflexão como exercício social. Foi um escritor que denunciou e combateu o racismo, além de mostrar a vida periferia do Rio de Janeiro, valorizando o aspecto cultural e a linguagem oral. Uma importante leitura para boas reflexões.


Manoel Messias Pereira


poeta, professor, cronista
Membro da Academia de Letras do Brasil - ALB
Membro do Coletivo Negro Minervino de Oliveira
São José do Rio Preto- SP.


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