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Crônica - As guerra camponesas alemãs - Manoel Messias Pereira

 



As Guerras Camponesas alemã


As Guerras Camponesas é um livro de Friedrich Engels, escrita em Londres no verão de 1850, sob a impressão direta da contra - revolução que acabava de consumar-se.

Há um prefácio do autor assinado em 01 de julho de 1874, um antelóquio em que ele ressalta que o povo alemão tem tradição revolucionária. E o livro vai discorrer, na história desde o período da Reforma Protestante até 1850.

Estabelecemos aqui um fragmento de Engels. "De 1517 a 1519, Lutero mudou de maneira idêntica à dos constitucionalistas alemães de 1846 a 1849 é da mesma maneira que todos os partidos burgueses colocados momentaneamente à frente do movimento se vem deslocados pelo partido proletário ou plebeu que forma a sua retaguarda.

Quando em 1517 Lutero atacou pela primeira vez o dogma e as instituições da Igreja Católica, sua oposição não tira caráter bem definido. Sem passar da antiga heresia burguesa, não excluía tampouco, nem podia excluir, as tendências mais radicais. No primeiro momento era preciso era preciso reunir todos os elementos da oposição, tinha de demonstrar toda a energia revolucionária mais decidida, era preciso se representar a totalidade da heresia em face da ortodoxia católica. Nisso se parece com nossos burgueses liberais de 1847, que eram revolucionários diziam -se socialistas e comunistas e se entusiasmavam com a emancipação da classe trabalhadora. Nesse período, Lutero deu livre curso a toda a veemência de seu temperamento de camponês vitorioso." "Se sua fúria (a dos padres romanos) tivesse de continuar, parece-me que seria o melhor conselho e remédio esmagá-la pela violência, armando-se reis e príncipes para atacar essa gente daninha que envenena o mundo inteiro e com ela acabar com ela pelas armas e não pela palavra.Não castigamos os ladrões com a espada o assassino com o garrote e os hereges com fogo? Por que não acabar com esses mestres da perdição que são os papas, cardeais, bispos, e toda a gentalha do Sodoma romana? Por que não atacamos com toda a classe de armas e lavamos nossas mãos em seu sangue"

Porém essa fúria não durou muito. O raio que Lutero lança caiu no paiol de pólvora. O povo alemão se pos em movimento. De um lado os camponeses e plebeus viram em seu apelo contra os padre no sermão contra a liberdade cristã, o sinal de sublevação; por outro os burgueses moderados e grande parte da pequena nobreza a ele se uniram; até alguns príncipes foram arrastados pela tormenta. Uns acreditam que tinha chegado o momento da do ajuste de conta com os seus opressores, outros só queriam destruir o poder dos curas, a hegemonia romana e enriquecer-se pelo arrebatamento dos bens eclesiásticos. Os partidos se separaram e escolheram seus representantes. Lutero teve de escolher. O protegido do eleitor de Saxônia, o respeitável professor da Universidade de Wittemberg que da noite para o dia se tornará célebre e poderoso e grande homem rodeado de lacaios e aduladores, não vacilou nem um momento. Deixou para traz os movimentos populares e uniu-se ao séquito burgues"

E quando Hutten convidou a encontrar com ele e Sickingen no castelo de Endemburg que era o centro da conspiração da nobreza contra os padres e príncipes, Lutero respondeu: "Não quero que o Evangelho se imponha pela violência, vertendo sangue. O mundo foi conquistado pelas palavras, a Igreja foi instituída pela palavra e pela palavra renascerá e o Anti Cristo cairá sem violência uma vez que tudo isso foi conseguido sem violência"

Martinho Lutero reformador opunha-se a Tomás Muntzer, nascido em Stolberg na montanha do Harz, que teve o pai enforcado e aos quinze anos, aluno da escola de Halle, fundou a liga secreta contra o arcebispo de Magdeburgo e a Igreja Romana. Sua edição teológica, cedo lhe valeu o título de doutor e o lugar do capelão em convento de monjas. Já tratava com maior desprezo os dogmas e ritos da Igreja. Dizia que a missa, omitia as palavras da transubstanciação e, como diz Lutero comia os Deuses sem consagrar. Thomas Muntzer via o principio do novo reino milionário, o juízo de Deus sobre a Igreja degenerada e o mundo corrompido.

As pregações de Muntzer tornaram mais revolucionárias e violentas, e o primeiro fruto desta campanha foi a destruição da Capela de Santa Maria em Mellerbach, perto de Altstadt, em que se cumpriu o mandamento "deitarei abaixo os seus altares quebrareis as suas colunas e queimarei a fogo suas imagens de escultura, porque sois um povo santo"(Deut.7,5).

Muntzer foi desafiados por Lutero a discutir em debate publico. Mas Muntzer não estava disposto a uma luta teológica. Em resumo os camponeses e plebeus ficam do lado do pastor Muntzer, que acaba indispondo-se numa luta entre plebeus e donos de terras . Os camponeses foram massacrados, Muntzer decapitado. E venceram os donos de terras juntamente com Lutero.


Manoel Messias Pereira
professor, poeta, cronista
São José do Rio Preto- SP. Brasil


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