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Crônica - A ANL e as lições de seus erros históricos - Manoel Messias Pereira

 








A ANL e as lições de seus erros históricos





Hoje na história do Brasil registramos que foi em 13 de maio de  1935, que a Aliança Nacional Libertadora -ANL, organizou o comício que contou com 6.000 seis mil participante no Rio de Janeiro. E cabe sim refletir sobre que foi a ANL, para toda a historiografia brasileira.

E vamos assim em 23 de novembro em nosso calendário histórico faz-nos refletir sobre os acontecimentos de 1935, quando sobre a Bandeira da Aliança Nacional Libertadora-ANL, apoiada pelo Partido Comunista Brasileiro, as forças democráticas, com um propósito de um governo revolucionário, com eleições gerais, reforma agrária, deu inicio a um levante em Natal, em Recife e no Rio de Janeiro. Sendo que o movimento foi contido após heroica luta.

Assunto esse que no livro do escritor Leôncio Basbaum escreveu de que "essa atitude heroica pode redimi-lo do grande erro político que foi o revolucionário levante de 1935". E afirma que aquele que pode acompanhar com o espirito frio o que foram os preparativos do levante já sabiam de antemão o condenado fracasso.

Todos os princípios do marxismo leninismo, reforçados pela 3a. Internacional, ensinavam que a Revolução deve ser antes de tudo um movimento de massa e fruto da ação do povo, psicológica, ideológica e materialmente preparado. E o papel dos Partidos políticos em todo o mundo consiste, precisamente, em formar ideologicamente as massas apontar o caminho a seguir para resolver os problemas que se apresentam. E essa participação consciente das massas, a intervenção popular nas lutas, que se distingue as revoluções de simples golpes militares, quarteladas, etc, representam quase sempre interesses de grupo ou classes que lutam  em oposição ao povo.

E ele ainda afirma que em 1935 não havia condições para um movimento revolucionário popular de grande envergadura, nem objetivas nem subjetivas.

A Aliança nacional Libertadora nascera sem dúvida das grandes massas da pequena burguesia, mas dela os trabalhadores estiveram ausentes seja o trabalhador do campo e das cidades. Num momento histórico de dificuldades em que o povo brasileiro atravessava. Sabemos pelo olhar de Basbaum que o Brasil aprovava na época uma Constituição liberal, que os trabalhadores tiveram algumas conquistas sociais, como horário de trabalho, férias, previdência social com a fundação do IAPC. E acreditava que os trabalhadores e parte do povo poderiam terem as suas reivindicações desejadas obtidas por pressão.

Não se pode tomar ou atribuir os propósitos revolucionários à ANL, que possui um belo programa, e era uma plataforma de luta que muitos acreditavam poder ser  conduzida somente pela agitação e sem o apelo das armas.

E pelo que escreve Basbaum, Luís Carlos Prestes, e alguns de seus camaradas o que ele chama de adeptos dentro do Partidão, que tinham dúvidas da eficiência da ANL e quanto aos rumos que a mesma estava tomando a ponto de obscurecer a ação do Partido. E muitos acreditava que era muito cedo para um movimento armado, e o que parecia uma aventura militar.

Comando tinham e até demais e a ANL no momento decisivo esquivou-se da luta a direção do Partido, e por cima de ambos Luís Carlos Prestes e seus assessores  o Berger e Ghioldi. Ou seja muita gente pra mandar e usar comando mas ninguém para cumprir. 

Mas Luís Carlos Prestes puxou toda a responsabilidade, para si sobre  pelo movimento. E deve se contar  de que foi enganado sobre as condições reais do país por alguns aventureiros que fizeram um relatório acreditando que o país estava pronto para a revolução. E alguns seres humanos  enviaram informações falsas, pois essas reais condições era uma fantasia.

E o movimento levou Luís Carlos Prestes a ficar trancado a sete chaves, na mais absoluta clandestinidade, isolado do povo, das massas e da própria base do partido, desejoso ele mesmo de dar inicio ao movimento e sobre ele baseava em estratégia, movimento militar nas cidades secundado por uma greve geral do país ou na sublevação de camponeses.

Prestes contava com a pró forma, ou seja as opiniões de Berger e Ghioldi. E ele mesmo acreditava em golpe de quartel, como fizera em 1925 em Santo Ângelo. Já Harry Berger, não acreditava em golpe e sim em ações de massa. E a sua deflagração do movimento foi puramente teórica, elaborando instruções, cujo o objetivo era a penetração no seio das massas sobretudo do campo.

Não era o comunismo, não havia nenhuma base no Brasil para isso e sim acreditava-se um governo popular, nacional, anti-imperialista, com uma frente popular das massas dentro de um nova linha de rente única da Internacional comunista que poderia criar ligas e comitês camponeses que dariam à revolução perspectivas ou apoio que ela necessitaria. Poderia se ter sovietes porém num etapa posterior.

Em instruções  o Comitê Central fala da intervenção das massas com apoio da ANL, do PC sob a direção de Prestes e jamais de golpe de quartel. E esse fragmento mostra que na história do Brasil o que ocorreu oi um desencontro de informações e um erro, em que existe uma materialidade no famoso bilhete de Trifino Correia que em 25 de novembro de 1935 escreveu "Estamos frente à Revolução. Aqui não poderemos esperar mais de dois ou três dias. Conto com toda a energia e decisão, no sentido de dirigir a revolução em Minas Gerais - Prestes". Ele estava enganado sem duvida. Ou era falso o bilhete e a informação.

Por isso que o historiador Leôncio Basbaum disse que falso telegrama estourou  o movimento inicialmente a 23 de novembro pela sublevação de partes do 21.Batalhão de Caçadores. Fazia parte do grupo insurrecional soldados, e sargentos e grande número de civis, entre os quais operários e alguns comunistas. Um comitê Popular Revolucionário mas sem apoio popular do esperado. Foi um fracasso. Acho que foi muito suor, muita energia despendida, mas sem nenhuma greve de apoio enfim foi um sucessivo momento de erros. Esse fragmento histórico leva nos a meditar.

E  que vemos da história, são lições que necessitam seres estudadas, refletidas, hoje a pratica assim como no passado precisa sim da teoria sempre porém  tudo bem pensado e todas as ações feitas com participação popular e a luz da realidade e das necessidades. Para que os erros já conhecidos possam servir de bases e alicerces, para que  jamais repeti-los, mostrando sempre a necessidade de uma maturidade consciente destes tempos atuais e uma plena superação dos erros.




Manoel Messias Pereira


professor de Estudos Sociais, História com extensão em africanidade
Membro do Coletivo Negro Minervino de Oliveira - São José do Rio Preto
Membro do Instituto Histórico, Geográfico e Genealógico de São José do Rio Preto -SP
Membro da Academia de Letras do Brasil -ALB -São José do Rio Preto/Uberaba-MG.








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